quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dilma diz que tucanos são "lobos em pele de cordeiro"

Em primeiro evento após deixar o governo, petista afirma que oposição é "anti-Lula" Apesar de subida de tom, ex-ministra diz que PT não vai fazer uso de "terrorismo, crítica baixa, desrespeito e pessoalização" na disputa Dilma cumprimenta Alfredo Nascimento, novo presidente do PR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Em seu primeiro ato público após deixar o governo, Dilma Rousseff subiu o tom de suas críticas aos tucanos. Procurou colar no pré-candidato do PSDB, José Serra, a imagem de representante de oposição ao dizer que os aliados do ex-governador "são e sempre foram anti-Lula" e representam "lobos em pele de cordeiro". Fora da Casa Civil há seis dias, a pré-candidata do PT à Presidência recebeu ontem em evento o apoio do PR (Partido da República), ocasião em que chamou a oposição de "forças do atraso", acusando-a de ter governado somente para os ricos e de ter "quebrado" o país. Apesar do tom duro, a ex-ministra disse que o partido não irá patrocinar "terrorismo", "crítica baixa, desrespeito e pessoalização" na campanha. "São lobos em pele de cordeiro, fáceis de identificar. Muitas vezes as mãozinhas de lobo aparecem debaixo da pele. Num dia, dizem que vão continuar o trabalho do presidente Lula; no outro, mostram as patinhas de lobo e aí ameaçam acabar com tudo", disse, repetindo a acusação de que a oposição ameaçou acabar com o PAC e com o Bolsa Família. "Muito antes de eles poderem encenar o enredo do pós-Lula, eles são e sempre foram anti-Lula", disse Dilma, numa referência ao discurso ensaiado nos últimos dias por Serra. Em outra linha de ataque também já usada pelo PT, a ex-ministra afirmou ainda que os tucanos "quebraram o Brasil" e foram responsáveis pelo "chamado voo de galinha", quando a economia não apresenta crescimento sustentável. "Estamos juntos na luta para não deixar que aqueles que sempre governaram o país para os ricos voltem para excluir os pobres", acrescentou. No primeiro ato partidário de apoio a Dilma, o ex-ministro Alfredo Nascimento (Transportes) assumiu a presidência do PR. O PC do B fará o mesmo depois de amanhã, mas os apoios só serão oficializados em junho, quando os partidos realizarão suas convenções. Ontem, Dilma trocou por duas vezes o nome do novo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio -chamou-o de Paulo César- e derrubou um copo de água involuntariamente em jornalistas. Ela fez elogios ao PR, afirmando que o partido é aliado "imprescindível". O ex-governador Anthony Garotinho, pré-candidato no Rio, afirmou que recebeu de Dilma a garantia de tratamento igual ao que será dado ao candidato governista, Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio. Apesar disso, o comando dilmista dava ontem por cancelada a ida da petista ao Rio no próximo sábado, dia em que Serra estará em Brasília lançando oficialmente sua campanha. Dilma deve participar de um evento ao lado de Lula. Mais cedo, em entrevista a rádios, Dilma adotou a estratégia de corresponsabilizar Serra pelo racionamento de energia de 2001 e 2002. "Houve uma falha intrínseca do planejamento. Os responsáveis estão em todos os ministérios que tinham ligação com a área, tanto o Ministério do Planejamento quanto o de Minas e Energia", disse Dilma em entrevista à rádio Jovem Pan. No dia anterior, ela fizera o mesmo questionamento em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", ao questionar o que Serra havia planejado no período em que comandou o Planejamento (1995 e 1996). Dilma tenta diferenciar o racionamento da gestão dos adversários do apagão que afetou 18 Estados em novembro passado. Para ela, o problema hoje não está na produção de energia, mas na distribuição. Mas na época ela foi blindada pelo governo e evitou compromissos para não ter que dar explicações. "Vamos ressuscitar os aloprados", diz tucano Presidente do PSDB afirma que manterá tática de discutir ética com o PT, mas que Serra não irá para linha de frente dos ataques "Deixa o Serra em casa, ele não precisa falar", afirma Sérgio Guerra, sobre frase de Dilma de que o "debate ético é muito bom" para o PT BRENO COSTA DA REPORTAGEM LOCAL O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que o partido vai partir para o debate ético com o PT, inclusive ressuscitando o escândalo dos "aloprados", mas que a missão ficará a cargo dos caciques tucanos. O pré-candidato do partido, José Serra, não vai para a linha de frente dos ataques, segundo o coordenador da campanha do paulista. "Deixa o Serra em casa. Ele não precisa [falar a respeito de escândalos]", disse Guerra, em resposta a declarações da ex-ministra e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, que afirmou que "esse debate é muito bom para a gente". Na última quarta-feira, na cerimônia que marcou sua despedida do cargo de governador de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes, Serra fez suas mais duras declarações em relação ao governo federal. Entre outras críticas, disse, referindo-se veladamente ao escândalo do mensalão, que "aqui [no seu governo] não se cultivam escândalos, malfeitos, roubalheira, mas também porque nunca incentivamos o silêncio da cumplicidade e da conivência com o malfeito". Até então, vinha buscando manter distância de um confronto mais aberto com o governo, estratégia que não era seguida pelo resto da cúpula tucana, como Guerra, que sempre fez ataques diretos a Dilma. "Vamos ressuscitar os aloprados. Vamos fazer isso no foro adequado, que é o Congresso", disse Guerra. No domingo, a Folha revelou que os envolvidos vivem sem preocupações com o desenrolar do caso do dossiê contra José Serra, na véspera das eleições de 2006. Na época, a Polícia Federal apreendeu uma mala com R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar informações contra Serra. O suposto dono da mala, Hamilton Lacerda, um dos "aloprados", hoje é fazendeiro na Bahia e administra um capital social de R$ 1,5 milhão. Dilma também tem usado a passagem de Serra pelo Ministério do Planejamento (1995-1996), durante o governo Fernando Henrique Cardoso, para dizer que na gestão do adversário não houve planejamento, o que, segundo a petista, levou ao apagão energético, no fim do governo FHC. "Vistosa propaganda" "O Serra não tem nada a ver com o apagão. Todo mundo sabe disso", disse Sérgio Guerra. "O Serra, quando ministro [do Planejamento], lançou um programa chamado Brasil em Ação, que, bastante deturpado nos seus objetivos iniciais, transformou-se no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], que é uma vistosa propaganda", afirmou. Ontem, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) entrou na discussão ao dizer que o PSDB não tem moral para falar do PT tendo o DEM como aliado. "O DEM está aberto para discutir ética com o PT. Vamos discutir o mensalão de Brasília e o do PT. Eles estão com Bancoop vivo, mensalão vivo, aloprados vivos", disse o líder do partido na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC). Para o deputado, o efeito de escândalos sobre Dilma será distinto do sentido por Lula, que manteve a popularidade. "Ela não tem blindagem para isso, ela vai ter que se explicar." No Twitter, Serra invoca imperador romano e diz que "sorte está lançada" ANA FLOR DA REPORTAGEM LOCAL Comedido ao falar publicamente sobre os detalhes da decisão de deixar o governo de São Paulo para concorrer à Presidência da República, o pré-candidato José Serra (PSDB) soltou o verbo no Twitter nos últimos dias. No microblog, o ex-governador comentou a saída do cargo com seguidores. "Quase toda a minha vida foi feita de incertezas e acasos. A sensação é de "alea jacta est" [em latim, a sorte está lançada]... e seja o que Deus quiser", publicou, às 3h25 de sábado. A frase é atribuída ao imperador romano Júlio César ao tomar uma de suas decisões mais difíceis, a de iniciar uma guerra para tomar o poder. Em outro comentário, publicado às 2h10 de 1º de abril, o ex-governador respondeu a um seguidor: "Há batalhas que a gente escolhe, mas há outras que nos escolhem". Logo em seguida, citou um antigo ditado: "Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece". Com observações postadas quase sempre de madrugada, o tucano vem utilizando o Twitter para comentar sua agenda e indicar livros, filmes e músicas. Nos últimos dias, já fora do governo, aproveitou para prestar contas e relatar ações de sua gestão. Na madrugada de domingo, Serra escreveu que tirou o final de semana para "reorganizar a vida e voltar para casa". Citou uma expressão que ouviu de um amigo: "Ótima pra esses momentos: freio de arrumação = hora de parar tudo e acertar as coisas". Serra é o pré-candidato ao Planalto mais ativo no Twitter. Até ontem, seus seguidores chegavam a 187.589. Marina Silva (PV) também passou a fazer comentários diários no microblog. Tem 14.390 seguidores. Ciro Gomes (PSB), com 9.716 seguidores, é menos ativo. Seu último comentário, até ontem, era de 22 de março. Dos principais candidatos ao Planalto, só a petista Dilma Rousseff ainda não tem perfil oficial no Twitter, apesar daqueles alimentados por simpatizantes e por opositores. Sua assessoria afirma que as primeiras "tuitadas" acontecerão ainda em abril.

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