sexta-feira, 28 de maio de 2010

O DNA DA PRIVATIZAÇÃO

Autor: Lenilso Luis da Silva Nas últimas semanas temos acompanhado o debate em torno da privatização do esgoto/água em Blumenau. Equívocos, procedimentos e declarações desastradas têm transformado esse processo em arsenal de constrangimento e vexatório para nossa cidade. Vamos refrescar a memória. O processo de privatização Brasil tomou espaço nos anos 90 e se expandiu com folga no governo do PSDB/DEM ungida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O fato é que FHC vendeu 5 dúzias de empresas estatais e conseguiu aumentar a dívida externa em 5 vezes. Exemplo disso é a Vale do Rio Doce que foi vendida pelo ex-presidente por apenas 3 bilhões de dólares, passado alguns poucos anos, a mesma Vale passou a valer mais de 100 bilhões de dólares nas bolsas globalizadas do Mundo. Os exemplos de privatização na era FHC se avolumam-se como o Banerj e o Banespa, a Usiminas, a CSN, o sistema de telecomunicações, elétrico e rodoviário. O efeito agregado dessas políticas foi: crise social, desemprego, concentradoras de renda, redução dos investimentos públicos e transferência patrimonial. O mais curioso é que o Governo Kleinübing filho, a exemplo de seu pai, que privatizou entre outros, os maquinários da prefeitura, tem se constituído no DNA insano da opção política pelas privatizações. Primeiro foi à merenda escolar, que hoje esta nas mãos da empresa paranaense Risotolândia, empresa esta colecionadora de denuncias sobre a comida servida. Agora o governo municipal da outro tropeço, é a vez do SAMAE, ou melhor, o esgoto/água. Em uma decisão arbitraria, típica daqueles que não respeitam os valores democráticos, o atual prefeito João Paulo Kleinübing resolve conceder por 35 anos, o serviço de coleta e tratamento do esgoto sanitário da cidade para a iniciativa privada, o processo de transparência é mínima esta sob suspeita inclusive do judiciário. Serão mais de 50 milhões de dinheiro público que encherão os bolsos das empresas envolvidas, sem contar com elevado valor que será cobrado de toda a comunidade. O Governo Federal já apontou que saneamento básico tem sido uma das prioridades para o país, e que está recebendo grandes investimentos por todo Brasil. Ora por que optar pela privatização? Não seria mais decente criar, dentro da prefeitura, um projeto de tratamento de esgoto para Blumenau? Logo o SAMAE, que em 2000, recebeu Certificado ISO 9002 e em 2002 ISSO 9001, se adequou as mais rigorosas normas internacionais de qualidade e que agora esta sendo entregue de forma sínica e dissimulada pelo atua prefeito. Não menos repugnante é assistir o poder legislativo, com exceções, aprovando covardemente as vontades do executivo municipal na ambição por cargos, poder, prestigio ou eventuais “boquinhas” a serem distribuídas. Nossa esperança é que com a revolta popular e com a nitidez do poder judiciário, consigamos reverter mais esse assalto ao povo. st1\:*{behavior:url(#ieooui) } Nas últimas semanas temos acompanhado o debate em torno da privatização do esgoto/água em Blumenau. Equívocos, procedimentos e declarações desastradas têm transformado esse processo em arsenal de constrangimento e vexatório para nossa cidade. Vamos refrescar a memória. O processo de privatização Brasil tomou espaço nos anos 90 e se expandiu com folga no governo do PSDB/DEM ungida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O fato é que FHC vendeu 5 dúzias de empresas estatais e conseguiu aumentar a dívida externa em 5 vezes. Exemplo disso é a Vale do Rio Doce que foi vendida pelo ex-presidente por apenas 3 bilhões de dólares, passado alguns poucos anos, a mesma Vale passou a valer mais de 100 bilhões de dólares nas bolsas globalizadas do Mundo. Os exemplos de privatização na era FHC se avolumam-se como o Banerj e o Banespa, a Usiminas, a CSN, o sistema de telecomunicações, elétrico e rodoviário. O efeito agregado dessas políticas foi: crise social, desemprego, concentradoras de renda, redução dos investimentos públicos e transferência patrimonial. O mais curioso é que o Governo Kleinübing filho, a exemplo de seu pai, que privatizou entre outros, os maquinários da prefeitura, tem se constituído no DNA insano da opção política pelas privatizações. Primeiro foi à merenda escolar, que hoje esta nas mãos da empresa paranaense Risotolândia, empresa esta colecionadora de denuncias sobre a comida servida. Agora o governo municipal da outro tropeço, é a vez do SAMAE, ou melhor, o esgoto/água. Em uma decisão arbitraria, típica daqueles que não respeitam os valores democráticos, o atual prefeito João Paulo Kleinübing resolve conceder por 35 anos, o serviço de coleta e tratamento do esgoto sanitário da cidade para a iniciativa privada, o processo de transparência é mínima esta sob suspeita inclusive do judiciário. Serão mais de 50 milhões de dinheiro público que encherão os bolsos das empresas envolvidas, sem contar com elevado valor que será cobrado de toda a comunidade. O Governo Federal já apontou que saneamento básico tem sido uma das prioridades para o país, e que está recebendo grandes investimentos por todo Brasil. Ora por que optar pela privatização? Não seria mais decente criar, dentro da prefeitura, um projeto de tratamento de esgoto para Blumenau? Logo o SAMAE, que em 2000, recebeu Certificado ISO 9002 e em 2002 ISSO 9001, se adequou as mais rigorosas normas internacionais de qualidade e que agora esta sendo entregue de forma sínica e dissimulada pelo atua prefeito. Não menos repugnante é assistir o poder legislativo, com exceções, aprovando covardemente as vontades do executivo municipal na ambição por cargos, poder, prestigio ou eventuais “boquinhas” a serem distribuídas. Nossa esperança é que com a revolta popular e com a nitidez do poder judiciário, consigamos reverter mais esse assalto ao povo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uso de Drogas na adolescência e seus impactos no âmbito familiar

Introdução O presente estudo refere-se a uma pesquisa acerca da dependência química na adolescência, seus impactos no âmbito familiar, e principalmente o papel da família no processo de tratamento do adolescente. Para isso, buscamos no primeiro capítulo conhecer em um breve histórico as transformações sofridas pelo adolescente nesta fase de transição, apontamos o papel da família enquanto eixo que move as relações sociais desses indivíduos e fechamos com uma discussão sobre o uso de drogas na adolescência. Entende-se que a adolescência é uma fase conflituosa da vida devido às transformações biológicas e psicológicas vividas. Surgem as curiosidades, os questionamentos, à vontade de conhecer, de experimentar o novo mesmo sabendo dos riscos, e um sentimento de ser capaz de tomar as suas próprias decisões. É o momento em que o adolescente procura a sua identidade, não mais se baseando apenas nas orientações dos pais, mas também, nas relações que constrói com o grupo social no qual está inserido, principalmente o grupo de amigos. A propósito, Nery Filho e Torres (2002), apontam que a amizade torna-se uma relação de pessoas específicas no qual o adolescente cria novos laços afetivos estabelecendo assim, um círculo social reduzido e homogêneo, em que os jovens encontram sua própria identidade num processo de interação social. Também realizamos uma análise sobre a instituição familiar, que é o eixo que move as relações sociais dos indivíduos. Desta maneira, compreendemos que a família enquanto instituição socializadora deveria ser conhecida desde seus primeiros modelos de constituição até aos moldes mais contemporâneos onde sua estrutura toma diversas formas. A família nuclear burguesa foi e é um dos moldes mais conhecidos de estrutura familiar, na qual os papéis são categoricamente bem definidos onde o pai é o provedor e chefe da casa e a mãe assume o papel de esposa e a ela é designada a educação dos filhos e organização do lar. Aquela família que não fosse composta de tal maneira era estigmatizada como desestruturada ou incompleta. O processo de modernização dos modelos de família é estigmatizado com a entrada da mulher no mercado de trabalho e na complementação da renda doméstica. A partir daí, as mudanças na família conforme afirma Sarti (2003 p.43), relacionam-se com a perda do sentido da tradição. Este processo foi impulsionado basicamente pelas mulheres, a partir de um fato histórico fundamental: a possibilidade de controle da reprodução que permitiu à mulher a reformulação do seu lugar na esfera privada e sua participação na esfera pública. Atualmente, podemos observar as mais diversas formas de organização familiar, onde existem os recasamentos e a união de homossexuais. Os casamentos são motivados não mais pela união das famílias e sim pelo afeto, a mulher conquistou sua liberdade de expressão sexual, não há mais a exigência de virgindade para que haja o enlace matrimonial, etc. Ao iniciarmos a discussão sobre o uso de drogas na adolescência buscamos apoio nos mais diversos autores que possibilitassem o esclarecimento de questões que fazem parte de nosso cotidiano e que são tão pouco exploradas no âmbito familiar e social. A droga aparece na adolescência muitas vezes como uma ponte que permite o estabelecimento de laços sociais, propiciando ao indivíduo o pertencimento a um determinado grupo de iguais, ao tempo que buscam novos ideais e novos vínculos, diferentes do seu grupo familiar de origem (Nery Filho e Torres, 2002 p.31) Gorgulho (1996 p.163) acredita que numa situação de drogadição entre adolescentes, a família pode ajudar reconhecendo sua parcela de participação no que está ocorrendo. Depositar toda responsabilidade no adolescente, ou como afirma Scivoletto (2002 p.72) nas “más companhias”, não só não solucionará o problema, como também não parece muito condizente com a realidade. A autora ainda diz que muitas vezes o uso de drogas torna-se veículo onde o adolescente grita por limites ausentes. “O adolescente tem de ser limitado, permitir que ele se desenvolva não é deixá-lo fazer o que bem entender”. Porém, muitos familiares tendem a ignorar o fato, reconhecendo a problemática apenas quando esta se agrava e foge do controle. Ao descobrirem que o filho adolescente está usando drogas, alguns pais tendem a se sentirem culpados, questionando-se onde erraram na educação do filho, o motivo de tal fato estar acontecendo com eles já que nunca deixaram faltar nada em casa. Outros pais buscam a internação de seus filhos esperando um método de cura imediata. Há alguns que recebem a notícia acusando o grupo social a qual o filho pertence. Há alguns casos em que se torna comum às famílias terem em casa uma “farmacinha” com analgésicos, calmantes, na qual as pessoas vão tomando, muitas vezes sem prescrição médica, pensando numa solução química para os seus problemas ou simplesmente para relaxar. Há ainda o álcool que costuma ser usado no diminutivo como cervejinha, uisquinho entre outros, como forma de amenizarem os seus males. Esses elementos não são encarados como drogas. E para o filho ver o pai se embriagar e a mãe se dopar com calmantes se torna normal. Conforme afirma Scivoletto (2002 p.72) em seus estudos acerca do tratamento psiquiátrico de adolescentes usuários de drogas e do papel da família neste tratamento, o núcleo familiar geralmente está assustado e desorientado quanto à abordagem do problema, Nery Filho e Torres (2002 p.29) completam dizendo “... Além de sentimentos de angústia, desespero e impotência nos familiares, busca-se um culpado para o que, em geral, passa a ser um drama familiar”. Quando a família busca orientação, informa-se e desmistifica conceitos estigmatizados pelo senso comum, as possibilidades de avanço no processo de tratamento do adolescente são consideráveis, Neste sentido o acompanhamento familiar durante o tratamento do adolescente, independente do modelo abordado, vai repercutir nos resultados positivos do processo de sensibilização do usuário, e principalmente, a família acumula conhecimentos e cria condições de estabelecer um convívio familiar mais saudável. No segundo capítulo realizamos uma discussão sobre o tratamento da dependência química do adolescente e a importância do acompanhamento familiar na eficácia do mesmo. Observamos que um dos primeiros entraves sobre tal discussão é a realização do diagnóstico da dependência do adolescente, na qual muitas vezes é confundida com a rebeldia própria da fase. Também observamos que ainda não existe um tratamento específico para esta fase da vida, de maneira que o modelo de tratamento aplicado aos adultos é o mesmo direcionado aos adolescentes. Compreendemos que tal fato compromete as possibilidades de avanço no tratamento do adolescente, que diferente do adulto está em pleno processo de desenvolvimento tanto orgânico como social. Assim, percebemos, há necessidade de avanços no processo de tratamento da dependência química na adolescência, no qual atualmente é visto como um caso de saúde pública. Também discutimos sobre as políticas publicas sociais vigentes na área da dependência química articuladas pelo Ministério da Saúde em conjunto aos órgãos de saúde mental, em específico aos de álcool e outras drogas, e entre eles os CAP’s ad. Por fim, realizamos a análise dos dados e dos procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa. 1 Uso de Drogas na Adolescência e as Relações Familiares 1.1 Adolescência e Período de Transição – Breve Histórico A palavra adolecer vem do latim e significa “crescer, engrossar, tornar-se maior, atingir a maioridade” (TIBA, 1985), o novo dicionário Aurélio da língua portuguesa (HOLANDA FERREIRA, 1975), diz que adolescente é aquele que “está no começo, que ainda não atingiu todo vigor”. Outeiral (1994 p.06) define adolescência como Uma palavra com dupla origem etimológica e caracteriza muito bem as peculiaridades desta etapa da vida. Ela vem do latim ad (a, para) e olecer (crescer), significando a condição de processo de crescimento. Em resumo o individuo apto para crescer. A adolescência também deriva do adolescer, origem da palavra adoecer, temos assim, nesta dupla origem etimológica, um elemento para pensar esta etapa da vida: aptidão para crescer (não apenas no sentido físico, mais também psíquico) e para adoecer (em termos de sofrimento emocional, com as transformações biológicas e mentais que operam nesta faixa da vida). Nery Filho e Torres (2002) mostram que a adolescência é um período de profundas transformações que impõe ao jovem grandes exigências de adaptações, é uma fase de imensas crises existenciais, onde o adolescente passa por uma etapa de insegurança por sentir-se impelido de abandonar o ponto de partida em que referenciais históricos são rompidos e um novo caminho traçado. O adolescente é um viajante que deixou um lugar e ainda não chegou no seguinte. Vive um intervalo entre liberdades anteriores e responsabilidades/compromissos subseqüentes; vive uma última hesitação antes dos sérios compromissos da fase adulta (LOSACCO, 2005 p.69). De acordo com Scivoletto (2004, p.34), a adolescência é uma fase onde todos estão à procura de sua própria identidade. É o momento em que querem ser reconhecidos por serem eles mesmos e não mais filhos de alguém. Começam a questionar as normas da casa, tentam escolher seu próprio caminho. Na busca de sua identidade passam a ter idéias e ideais próprios, deixando de se espelhar apenas nos pais para se deixar influenciar também pelo grupo de amigos. Aberastury apud Freitas (2002 p.36), define a adolescência como: Um momento crucial da vida do homem e constitui a etapa decisiva de um processo de desprendimento que começou com o nascimento. As modificações psicológicas que produzem neste período, e que são o correlato de modificações corporais, levam a uma nova relação com os pais e o mundo. Isso só é possível se se elabora, lenta e dolorosamente, o luto pelo corpo infantil, pela identidade infantil e pela relação com os pais na infância. Knobel apud Freitas (2002 p.37) chama o luto infantil de Síndrome normal da adolescência. Busca de si mesmo e da identidade temporal; manifestação da evolução sexual que irá do auto-erotismo até a heterossexualidade genital adulta; atitude anti-social ou associal de diferentes intensidades; contradições da conduta dominada pela ação, e que constituem numa nova forma de expressão. O processo de luto sempre abarca uma sensação de tristeza e desinteresse pelo mundo externo, entretanto, este não pode ser visto como uma patologia semelhante aos de uma enfermidade. É importante frisar, que as imensas transformações durante este período não se estabelece apenas com o adolescente, a família também passa por um processo de estranhamento diante de tal fase. Segundo Outeiral (1994 p.16) uma das tarefas centrais da adolescência é a independização. Esta não é uma ruptura com a família, mas sim a transformação de vínculos infantis de relacionamento por um outro tipo de vinculo mais maduro, mais independente e mais adulto. Conforme Freitas (2002), os pais que de um momento para o outro deixam de ter uma criança e defronta-se com um adolescente, geralmente sentem-se perdidos. A maturidade dos filhos sempre provoca nos pais uma condição conflituosa, pois a partir deste momento, devem abandonar as expectativas e imagem que criam para si frente ao filho. Quando os pais aceitam que o filho precisa mostrar que é alguém com vontade própria e independente, essa fase ocorre de maneira mais tranqüila. Entretanto, muitos pais podem se sentir desautorizados e tendem a pressionar mais o filho, o que pode iniciar um verdadeiro cabo-de-guerra (SCIVOLETTO, 2004, p.34). Conforme Caldeira (1999 p.16), as primeiras contestações, geralmente, ocorrem no ambiente familiar, onde o adolescente começa a questionar comportamentos que lhes são impostos como se fossem leis e passa a exigir da família e do ambiente que o cerca, respostas coerentes aos seus questionamentos. Isso significa a entrada do indivíduo numa nova realidade, com a qual ele vai se relacionar de forma particular e que lhe permitirá reconhecer-se enquanto sujeito. É nessa tentativa que o indivíduo se permite experimentar diversas situações, abstraindo dessas experiências para si, um novo sentido para a sua vida, redefinindo sentimentos e valores. É claro que essa nova consciência de si traz consigo uma série de experiências primeiras que, consciente e/ou inconscientemente, marcaram o vivido na infância desse indivíduo. E é esse novo sujeito que, dentro do contexto em que vive, assumirá novas formas de se posicionar diante da vida e de responsabilizar-se por si mesmo. Na opinião de Grynberg e Kalina (2002, p.17) na adolescência o mundo se descortina, é um salto com vistas para um renascimento, na qual este questiona a conhecida vida familiar, os conceitos tradicionais, regras e padrões pré-estabelecidos, em busca de algo que seja realmente seu. Desta maneira o adolescente começa a descobrir o que lhe foi indevidamente imposto, a série de pressões vindas não sabe bem de onde, e que muito do que acreditava lhe pertencer – sentimentos, expectativas, opiniões, objetivos – realmente não lhe diz respeito algum. Ele não os criou. Recebeu-os prontos, como se fossem os mandamentos de uma lei. Culturalmente vivemos em uma sociedade que por um lado promove um conjunto de normas bem definidas, comportamentos rigidamente moldados e dogmas incontestáveis. Por outro, ostenta uma política de pretensa aceitação e acolhimento de toda uma cultura jovem. Este tipo de dualidade forja profundas desorientações no adolescente, de maneira que a cada tentativa de trazer as claras suas expressões renovadas, levanta-se contra ele um leque de pressões e imposições. Minelli (2005) afirma que existem três aspectos desta transição que podem ser apontados: a mudança da relação com os pais, o estabelecimento de novas relações e a integração ao grupo de amigos. A emancipação aos pais é uma tensão entre duas forças opostas, o controle dos pais e o desejo do filho de libertar-se dele e alcançar sua independência. Esta é a etapa da vida durante a qual se experimenta uma necessidade irresistível de rebelar-se contra a autoridade e procurar a independência. Por isso, a criança que há pouco tempo recebia sem questionar as repreensões de seus pais, obedecia a seus preceitos e desfrutava sua companhia, transforma-se de repente em um jovem insubordinado e respondão, que rechaça suas orientações, infringe suas normas disciplinares e prefere andar só ou com os amigos, a compartilhar com seus pais as atividades familiares. Scivoletto e Morihisa (2001 pp.30-33) são categóricas quando afirmam que: Uma questão fundamental na adolescência é a separação e a individualização do adolescente em relação à família. O estresse e a ansiedade advindos dessa fase aumentam a vulnerabilidade dos adolescentes à pressão dos amigos. Se por um lado ganham autonomia em relação a seus pais, por outro lado adquirem uma forte aliança com seus colegas. Nesse movimento, a influência do grupo e a "modelagem", isto é, a imitação de determinados comportamentos a partir de um ídolo, que em geral é o líder do grupo, tornam-se especialmente importantes. Minelli (2005) observa que a imagem dos pais e sua influência no comportamento dos filhos também mudam, porque as relações verticais, baseadas na autoridade, transformam-se gradativamente até converter-se em uma interação horizontal, alimentada pelo afeto, admiração e respeito. Trata-se de uma mudança provida pelo desejo de liberdade e originada de uma nova imagem mais humana dos pais e também mais acessível aos filhos. A autora ainda diz que a amizade torna-se uma relação de pessoas específicas, onde o adolescente cria novos laços afetivos, estabelecendo assim, um círculo social reduzido e homogêneo em que os jovens encontram sua própria identidade num processo de interação social. Scivoletto reafirma dizendo que nessa procura por uma identidade própria, o jovem tenta pertencer a um grupo diferente se sua família, ou seja, ele busca “a turma” que, muitas vezes, se confunde com sua identidade (2004 p.34). Conforme Schenker e Minayo (2006 p.302), os amigos preenchem o vácuo do progressivo desprendimento da tutela dos pais e são tratados, pelos jovens, como se fossem os primeiros em importância na sua vida. Compreender esses aspectos é fundamental para a transição saudável do adolescente, podendo ser negociados, com sucesso, numa relação estruturada no afeto e apoio mútuo entre pais e filhos. Liddle et al (1998) apud Schenker e Minayo (2006 p.302) afirma que é na ausência de cordialidade, encorajamento, monitoramento e colocação suficiente de limites que os adolescentes têm dificuldade em fazer a transição entre a confiança primeira colocada nos pais para uma maior independência e foco cada vez maior nos amigos. 1.2 Contextualização da Instituição Família Nos estudos sobre família e relações familiares, muitos autores vão dizer sobre a tendência de se naturalizar a família, ou seja, “leva à identificação do grupo conjugal, como forma básica e elementar de toda família” (BRUSCHINI, 1993, p.51). Acontece que a família não é uma totalidade homogênea, mas um universo de relações diferenciadas, e as mudanças atingem de modo diverso cada uma destas relações e cada uma das partes da relação. (SARTI, 2003 p.39). O século XVIII foi estigmatizado pelo modelo de família nuclear burguesa, composto por pai, mãe e filhos, “quando a família se afastava da estrutura do modelo, era chamada de desestruturada ou incompleta” (SZYMANSKI, 2003 p.23). Segundo Ariès apud Szymanski, (1975 p.251) até o século XV a família era [...] Uma realidade moral e social, mais do que sentimental. A Família quase não existia sentimentalmente entre os pobres, e , quando havia riqueza e ambição, o sentimento se inspirava no mesmo sentimento provocado pelas antigas relações de linhagem”. Parsons apud Bruschini (1993, p.55), propõe o estudo da família nuclear como um pequeno grupo-tarefa, na qual os membros adultos desempenham papéis altamente diferenciados, assimétricos e complementares, o que possibilita a presença de modelos masculinos e femininos bem definidos. Segundo Sarti (2003) numa visão antropológica, a família é reconhecida como um grupo social concreto, contribuindo assim, na desnaturalização e desuniversalização da mesma. Bruschini (1993, p.60) ainda sustenta que a antropologia contribui principalmente na discussão sobre o parentesco, que é considerado “uma abstração, uma estrutura formal, que resulta na combinação de três tipos de relações básicas: a relação de descendência (pais e filhos) a de consangüinidade (entre irmãos) e afinidade, através do casamento”. Szymanski (2002 p.10) define família de uma forma mais contemporânea como: Agrupamento humano como núcleo em torno do qual as pessoas se unem, primordialmente, por razões afetivas dentro de um projeto de vida em comum, em que compartilham um quotidiano, e, no decorrer das trocas intersubjetivas, transmitem tradições, planejam seu futuro, acolhem-se, atendem aos idosos, formam crianças e adolescentes. Atualmente a família enquanto instituição reprodutora de valores e cultura, e exercendo, segundo Foucault apud Bisneto (2002), sua função de micropoder, encontra-se em crise. Tanto de um ponto de vista funcionalista quanto de um ponto de vista de inspiração marxista, prevalece à idéia de que, de um modo ou de outro, a família, como instituição, vem perdendo funções e importância social; seu papel gradativamente se minimiza. A crise das famílias reais seria a crise do esvaziamento da instituição familiar. (BILAC, 2003 p.34). Na opinião de Calderón e Guimarães (1994, p.24) a família nuclear moderna surge como uma categoria interpretativa, de maneira que o tipo ideal era compreendido como real, e os modelos eram categoricamente definidos como famílias boas, certas e estruturadas, e os novos arranjos eram vistos como disfuncionais, gerando grande crise num modelo já hegemônico. Então, pergunta-se: Será que este é o fim da instituição familiar? Em resposta Cooper (1974) apud Lopes (1994 p.07) vem nos acalmar afirmando A família não está morrendo, o que está agonizando é a idealização romântica, pela qual tem se aprisionado as consciências pessoais daqueles que, se envolvendo na busca de uma imagem que construíram para o outro, tornaram-se dependentes dela. Lane (1981) discute sobre o papel ambíguo exercido pela instituição familiar, onde esta ao passo que garante a sobrevivência do indivíduo e o insere no contexto social, também funciona como uma garantia de perpetuação de valores vigentes, reprodução da força de trabalho e um eficaz mecanismo de controle social no qual os valores das classes sociais que detém o poder são garantidos através da educação dada as crianças dentro desta instituição social. O controle social exercido pela família, em algumas situações abarca sérios conflitos de gerações entre pais e filhos, na qual estes não conseguem absorver as heranças de costumes, crenças, valores e relações sociais da estrutura familiar. Os conflitos tendem a se intensificar no período da adolescência, em que os jovens buscam estabelecer novos vínculos afetivos, como afirma Scivoletto (2004, p.34), o jovem tenta pertencer a um grupo diferente de sua família. Na opinião de Grynberg e Kalina (2002, p.47) estes conflitos de gerações ocorrem devido às mudanças de paradigma na família, na qual pai e filhos parecem não falar a mesma língua dificultando o entendimento recíproco. Em casa, pais e filhos de repente tornam-se estranhos. Da noite para o dia, a distância entre as gerações se torna aguda. Esquecido de sua própria adolescência, e das expectativas que adormeceram dentro de si, o pai de hoje, adolescente de ontem, não se reconhece no próprio filho. Vitale (2003, p.90) discute sobre a socialização primária, que se trata de uma interiorização da realidade a partir da relação entre a criança e os outros significados. Para Berger e Luckmam apud Vitale (2003, p.90), esses outros significados selecionam segundo a localização que ocupam na estrutura social e mediante suas idiossincrasias individuais e aspectos da vida social a serem transmitidos. Ainda segundo Vitale a família não é o único canal pelo qual se pode tratar a questão da socialização, mas é, sem dúvida, um âmbito privilegiado, uma vez que tende a ser o primeiro grupo responsável pela tarefa socializadora. Mesmo com a existência de inúmeros aparelhos ideológicos presentes no nosso cotidiano (escola, igreja, trabalho, comunidade e mídia), a família surge como principal aparelho na reprodução ideológica dos indivíduos. A ideologia está presente até mesmo na representação social construída pela sociedade acerca do grupo familiar. A família é compreendida como algo natural e imutável onde os aspectos ideológicos não permitem que os indivíduos percebam que ela é uma instituição criada que atende as necessidades sociais em um dado momento histórico (CALDERÓN e GUIMARÃES, 1994 p.21). Em seus estudos, Reis (2004, p.103) aponta que a ideologia é vinculada principalmente pelos pais, os principais agentes da educação, ensinam a ver a família como algo natural e universal, por isso, imutável. É fato que a família é um dos aparelhos ideológicos mais eficazes na vida dos indivíduos, sendo ela, segundo Reis, “mediadora entre os indivíduos e sociedade... é a formadora da nossa primeira identidade social” (2004, p.99). Porém, também é fato que a família contemporânea tem relação cada vez mais estreita com o consumismo capitalista, onde este molda de formas intrínsecas as reproduções ideológicas nos lares de todo mundo. Este tem a mídia e outros meios de comunicações como principal mecanismo de sedução e desenvolvimento de súbitos desejos de consumir. Ainda segundo Reis (2004), o que antes era função quase exclusiva da família, é hoje disseminado por uma vasta gama de agentes sociais, que vão desde a pré-escola até os meios de comunicação em massa, que utilizam à persuasão na imposição de padrões de comportamento, veiculados como normais, dificultando a identificação do agente repressor. O modismo atualmente tem criado grandes conflitos entre as gerações, tomando como experiência vivenciada no campo de estágio (CPTT), era notório que alguns pais não conseguiam compreender as mudanças estigmatizadas pelos tempos atuais, sendo assim, muitos tinham sérias divergências com os filhos, pois estes pareciam não possuir nenhuma “qualificação intelectual e parâmetros morais (...)” (HYGINO e GRACIA, 2003, p.37). O grande desafio é mostrar aos pais, que tais princípios não haviam deixado de existir, eles apenas estavam com uma nova roupagem e novos significados. Paiva (2005, pp.105-106) define ética como: O momento objetivo da vivência e da experiência dos valores; consiste, assim, no conjunto de valores que são criados por determinada comunidade. Neste sentido, a moral expressaria o momento subjetivo de um comportamento ético; em outras palavras, moral seria a capacidade do indivíduo formular suas próprias opiniões e pautas de comportamento e optar por aquele que considerar mais correto e justo. Muitas famílias são estigmatizadas como desorganizadas, desestruturadas ou incompletas por não se encaixarem nos arranjos que correspondem às características da “família ideal” como cita Calderón e Guimarães (1994, p.26). Os autores vão assinalar que a família ideal, tão sonhada, na maioria das vezes, muito distante da real, é veiculada pela mídia como modelo a ser seguido, e a família que não se enquadra, está fora do padrão de normalidade. Sendo assim, a família que não possui em sua composição, pai/marido, mulher/esposa e filhos, estão fora dos pré-requisitos para se constituir uma família harmônica. Foram inúmeros os fatos que marcaram substancialmente as mudanças no interior da família, na qual Gueiros (2002) pontua o Movimento Feminista da segunda metade do século XIX como agente de mudanças, Rosa (2003, p.183) enfatiza que no Brasil este movimento intensificou-se na década de 70, caracterizado pela luta da igualdade entre os gêneros, que permitiu entre outros benefícios o controle da contracepção, e em 1988 a Constituição Federal Brasileira estabeleceu em seu art. 5º igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres. O processo de modernização dos modelos de família é estigmatizado com a entrada da mulher no mercado de trabalho e na complementação da renda doméstica. A partir daí, as mudanças na família conforme afirma Sarti (2003, p.43), relacionam-se com a perda do sentido da tradição. Este processo foi impulsionado basicamente pelas mulheres, a partir de um fato histórico fundamental: a possibilidade de controle da reprodução, que permitiu à mulher a reformulação do seu lugar na esfera privada e sua participação na esfera pública. No que diz respeito à entrada da mulher no mercado de trabalho como fonte de renda complementar para a família, há que se considerar que tal motivação está associada às dificuldades sócio-econômicas, que passam a exigir que vários membros da família possam compor o orçamento doméstico, inclusive os jovens. No caso da mulher, Gueiros (2002) sustenta que tal inserção na esfera pública certamente está atribuída aos avanços dos Movimentos Feministas. O casamento e a família também sofreram grandes influências nos debates da relação de gênero, que de acordo com Veloso (2001, p.79) era tido como uma questão biológica, que separava o sexo feminino do masculino. Conforme Saffioti e Almeida (1995) apud Veloso (2001, p.79) Por constituir as relações sociais, o gênero apresenta-se também como constituinte da identidade dos sujeitos, atravessando e construindo a identidade tanto do homem quanto da mulher e, por isso mesmo, transcendendo o mero desempenho de papéis sociais. Homens e mulheres possuem identidades sociais básicas forjadas a partir das interconexões entre as relações de classe, gênero e raça/etnia. A redefinição dos papéis masculinos e femininos, papéis públicos e privados, comportamento sexual definidos segundo o sexo, entre outros, foram alvos de debates e embates segundo Gueiros (2002). Estas novas configurações familiares são cada vez mais presentes. Em suas análises Goldani (1994) apud Rosa (2003, p.186) a mulher aumentou sua participação no mercado de trabalho de 16% na década de 60 para 39% na década 90, o que de fato contribui para alterações nas relações de poder entre homens e mulheres. A autora ainda vai chamar a atenção para o crescimento numeroso de família monoparentais (somente um dos pais e filhos, residindo no mesmo domicílio) e unidade uniparentais (pessoas que moram sozinhas). De acordo com pesquisas realizadas pela Fundação SEADE sobre condições de vida, na região Metropolitana de São Paulo nos anos de 1994 e 1998, nas famílias tipo monoparental, é majoritário o percentual de mulheres como chefe da família (59,3%). Segundo dados do Censo Demográfico de 1980 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a participação na PEA (População Economicamente Ativa) é consideravelmente maior entre mulheres separadas maritalmente (57%) e as solteiras (33%), sendo que “61% das mulheres-chefe-de-família tinham rendimento médio mensal inferior a um salário mínimo” (SZWARCWALD e CASTILHO, 1989 apud LOPES, 1994, p.10). Esta má remuneração a classe feminina trabalhadora, apresenta um histórico de empobrecimento, precarização do trabalho e aumento contínuo do ingresso ao mercado informal. Segundo dados do IBGE, hoje as mulheres representam praticamente metade da população economicamente ativa do país e chefiam uma em cada quatro famílias. Desta maneira, o esvaziamento do modelo de homem provedor ajudaria a explicar parte dessa dissonância em relação ao matrimônio. Sem a necessidade de contar com a ajuda financeiro do cônjuge ou parceiro, elas parecem cada vez menos dispostas a dobrar o expediente de trabalho, acumulando as tarefas domésticas. A marca do modelo de transição da instituição familiar analisada por Medina (1997, p.19) constitui-se historicamente pela posição da mulher, que foi se modificando intensivamente, e de contra partida o homem procurando guardar a posição antiga em que ele era senhor absoluto. O autor inicia sua reflexão através da união (matrimônio), sendo a partir dela a iniciação da construção do seio familiar, neste modelo de transição, verifica-se que a união não é mais a aliança entre duas famílias, e sim o estabelecimento de uma relação afetiva, que será duradoura enquanto tal afeto se mantiver. Se aceita, também, a dissolução do casal, sendo o aspecto afetivo principal mantenedor da união, que pode ou não ser temporária, quebrando o modelo tradicional “até que a morte nos separe”. Assim, como no mundo do casal estigmatizado pelo afeto, o homem e a mulher tornam-se iguais, tanto no mundo doméstico quanto no mundo do trabalho, na qual ambos são responsáveis pela educação dos filhos e na manutenção da casa. Nesse sentido, a mulher não mais aceita a marca de dependência e passividade, construindo sua independência trabalhando desde cedo. Neste modelo de transição, os papéis sociais exercidos, não são mais distintos por sexo, como no modelo tradicional (nuclear burguês), na qual gênero era distinguido por sexo feminino e masculino. Com as mudanças societárias, o homem passou a participar das atividades domésticas, como a educação dos filhos, e por sua vez a mulher teve que exercer uma profissão (MEDINA, 1997, p.20). Outro aspecto importante analisado por Medina (1997, p.23) é em relação à vida sexual, na qual este se torna mantenedor do convívio afetivo do casal. A fidelidade de um com o outro, passa a ser um valor, algo exercido por ambos em uma dimensão igualitária. Não se exige mais a virgindade da mulher para que a união se consuma e a possibilidade do controle da natalidade e a aceitação da vida sexual fora do casamento, colocaram o homem e a mulher num pé de igualdade. A decisão de ter filhos é algo compartilhado pelo casal, que podem controlar ou não esse ter, sendo de responsabilidade de ambos cuidar dos filhos desde o seu nascimento. Em suma, não há mais distinção por sexo, todos fazem à mesma coisa e se substituem com facilidade. Uma flexibilidade crescente á medida em que vão crescendo até que o mundo externo ganhe mais relevância do que o mundo doméstico. Medina conclui sua reflexão afirmando que nesta direção, há possibilidades do surgimento de alternativas, da flexibilização dos papéis, dos padrões e da organização social. Observadas por exemplo em casais homossexuais que adotam legalmente filhos; casamentos sucessivos com parceiros distintos e filhos de cada aliança; no avanço do individualismo, no reconhecimento da infância como instancia importante, e na valorização da intimidade conjugal dentro de uma esfera pessoal e privada. Pode-se afirmar que atualmente é possível vivenciar com facilidade quatro gerações: Filho-Pai-Avô-Bisavô, então a ruptura da família nucelar que estamos vivenciando não é devido ao fato da união ou da família ter perdido valor. Tanto não é que há o re-casamento dos membros da união desfeita, embora com outro parceiro. O fato é que, na sociedade atual, a aceitação de pessoas que desejam permanecer solteiras ou que preferem estabelecer relações, como casal de caráter temporário e sem ter filhos, é melhor reconhecida e tais situações não são a recusa ou desaparecimento da constituição da família, ela apenas surge com uma nova moldagem e com novos aspectos a serem construídos. Diante de tantas mudanças pergunta-se sobre o papel dos avós nas famílias de hoje. Vitale (2005 pp.84-5) diz que com tais mudanças as famílias passaram a demandar novos papéis, novas exigências a essas figuras que surgem como auxiliares na socialização das crianças ou mesmo no seu sustento. Em suas análises, a autora observa que a maioria dos avós se dispõe voluntariamente a cuidar dos netos; outros, entretanto, consideram isso uma prestação de serviços e só interferem quando solicitados; outros, ainda são obrigados a cuidar dos netos pela situação econômica em que se encontram os filhos. Em alguns casos, os avós acabam assumindo de fato a guarda dos netos, sendo estes motivados, muitas vezes pela pobreza, desemprego, aumento das desigualdades sociais, precárias condições em que vivem os netos tende, a mobilizá-los na direção de lhes prestar atendimento. De acordo com a pesquisa perfil dos Idosos Responsáveis por Domicílios no Brasil (IBGE – 2000) aponta que as pessoas com 60 anos ou mais constituem 8,6% da população. O estudo revela que os idosos chefes de família passaram de 60,4% em 1991 para 62,4% em 2000. Desse universo, 54,5% vivem com os filhos e são a principal fonte no sustento destes. Atualmente constitui-se um grande crescimento de netos e bisnetos que vivem com os avós e bisavós. De 2,5 milhões em 1991 passou para 4,2 milhões em 2000. Camarano (1999) apud Vitale (2005 p.97) baseando-se em pesquisa sobre o idoso brasileiro, discute seu papel na família e mostra que esse tende a passar da condição de dependente para provedor. Pode-se dizer, em geral, que o idoso está em melhores condições de vida que a população mais jovem; ganha mais, uma parcela maior tem casa própria e contribui significantemente para a renda familiar. Calobrizi apud Vitale (2005 p.97) diz que em situações em que os filhos estão envolvidos com prostituição ou com drogas ou outras situações que retrate as difíceis condições em que estes vivem a guarda judicial é designada aos avós, que assumem seus netos mesmo enfrentando dificuldades. Por essas razões, a figura clássica da vovozinha sentada na cadeira de balanço, cabelos brancos, fazendo tricô ou crochê, presente nos livros infantil, pouco, correspondem ao perfil dos avós atuais, possivelmente em todos os segmentos sociais, considerando-se as mudanças em que passou a família, em especial a partir da segunda metade do último século. 1.3 Uso de Drogas na Adolescência e as Relações no Ambiente Familiar Tomando como referencia a contextualização histórica acerca da adolescência no item anterior, e utilizando as reflexões de Nery Filho e Torres (2002, p.31), pergunta-se: Porque o adolescente usa drogas? Diante de tal questão os autores afirmam: Não existe resposta única ou homogênea. Podemos encontrar diferentes tipos de produtos, com variados efeitos procurados e desejados, bem como diferentes motivações que levam um indivíduo a usar, eventualmente ou de forma contínua e intensa, determinada substância psicoativa. E os autores ainda sustentam que este consumo pode ser de cunho individual ou coletivo. Compreende-se que das motivações individuais de consumo, torna-se importante levar em conta os aspectos intrínsecos da personalidade do indivíduo, sua historia de vida e as circunstâncias que envolvem sua relação com a droga. Por outro lado, para compreender o fenômeno coletivo do consumo e sua expansão mundial, devem-se buscar explicações que extrapolam o âmbito das motivações individuais de consumo. É preciso compreender o papel social das drogas em cada sociedade e sua inserção, inclusive na economia e no mercado. Na opinião de Gikovate (1992) cada ser humano tem uma história diferente, não existe uma fórmula que explique como, porque ou com que conseqüências um jovem procura as drogas. Grynberg e Kalina (2002 p.46) analisam o uso de drogas na adolescência como uma crise em que os jovens se defrontam com o meio social em que vivem e sua história individual. Dessa maneira os jovens acreditam estar dando provas de sua autonomia e auto-suficiência, sendo ele capaz de alcançar seus objetivos, muitas vezes não tão claros. Os autores ainda afirmam que o uso emerge como um protesto a sua impotência de lidar com a realidade e com as forças que se movimentam dentro de si próprio, ao mesmo tempo. O jovem precisa encontrar um ambiente familiar capaz de suportar as crises que vivencia, onde este não seja propício a resistências excessivas ás suas proporções e impulsos ainda tão desordenados. Por ser um período de transformações, o adolescente, por vezes, se sente inferior incompreendido pela família ou pela sociedade. Isso faz com que muitos desejem sumir do mundo, que se torna para eles cruel. Neste sentido, a partir de uma experimentação, o jovem vê nas drogas algo prazeroso, capaz de solucionar problemas, eliminar angústias, dando uma sensação de força, potência e realização pessoal. Porém, sabemos que esta sensação de poder é ilusória. É uma forma de vencer suas fragilidades no momento em que se consome. Ainda citando os autores, o consumo de drogas aparece entre alguns adolescentes como uma marca inscrita nessa travessia, caracterizando-se como um uso adolescente. Para esses jovens, as drogas permitem o estabelecimento de laços sociais, propiciando ao indivíduo o pertencimento a um grupo. De acordo com os estudos de Caldeira (1999 p.15), o desafio da transgressão às normas estabelecidas pelo mundo dos adultos, a curiosidade pelo novo e pelo proibido, a pressão de seu grupo para determinados comportamentos, são alguns dos fenômenos típicos da adolescência que podem le Por Nathália Justino http://www.monografias.brasilescola.com/sociologia/uso-drogas-na-adolescencia-seus-impactos-no-ambito-.htm

Monografia

Desequilíbrio social Pode designar desigualdade social, miséria, injustiça, exploração social e econômica, marginalização social, entre outras significações. De modo amplo, exclusão social pode ser encarada como um processo sócio-histórico caracterizado pelo recalcamento de grupos sociais ou pessoas, em todas as instâncias da vida social, com profundo impacto na pessoa humana, em sua individualidade. O desenvolvimento tecnológico e o acesso a informação, num mundo cada vez mais globalizado, vêm fazendo uma transformação radical nos sistemas de desigualdade. E o conhecimento torna-se significativo para a estratificação social e a formação do processo de desigualdade. A passagem da Sociedade Industrial para a Sociedade da Informação muda o foco das teorias sobre estrutura e estratificação social. Mudando todo o processo de desigualdade e de mobilidade social. Onde o conhecimento torna-se peça chave para o entendimento das diferenças sociais. O capital intelectual torna-se moeda corrente para a troca. Nesse foco a educação entra como peça fundamental para a mudança na estratificação social. Na Sociedade Industrial o conhecimento técnico-prático era a principal porta de entrada e ascensão social. Na Sociedade da Informação o conhecimento teórico e geral substitui o conhecimento técnico-prático. O indivíduo deve ter a capacidade de decodificar e filtrar as informações que chegam continuamente. A educação, como geradora e portadora da transmissão do conhecimento, se transforma na principal chave de mudança. Aumentando o tempo de escolaridade dos indivíduos. Tendo que mudar o seu foco de formação técnica e prática, para uma formação teórica, capaz de desenvolver no indivíduo o aprender a aprender. Esse estudo será focado em duas questões: 1 - Estamos passando realmente por um processo de mudança nas concepções de desigualdade e mobilidade social? 2 - A educação é uma das principais formas de ascensão social na Sociedade da Informação? Os estudos teórico sobre desigualdade social são reflexos das formas de desigualdade social existentes nas sociedade industrias, conforme a sociedade moderna começa a sofrer uma profunda transformação, as teorias da desigualdade também sofreram mudanças e começaram a perder significação. Ou melhor, os estudo teórico seguem o caminho da substituição da sociedade industrial para a sociedade da informação. Outro ponto é que o conhecimento entendido como força de ação torna-se cada vez mais responsável pelo processo de formação das desigualdades. Para alguns Cientistas Sociais as classes sociais não constituem mais a formação das hierarquias, mas sim outros tipos de clivagens sociais. Uma ilustração disso é que na Sociedade da Informação, os indivíduos ativos no processo de trabalho industrial representam uma minoria no conjunto da população. Há algumas décadas atrás tinha-se como certo que a sociedade industrial e o processo de modernização originaria um sistema de desigualdade social menos hierárquico, refletindo mais de perto as aptidões individuais e as fronteiras entre as classes bastante pequenas. Como se pode perceber, o nível de desigualdade aumentou, por outro lado houve um relativo aumento na perspectiva de vida e bem estar social, com acesso a saúde e a dispositivos de previdência, principalmente durante a década de 50 e 60. No entanto a estrutura de poder e relações de autoridade torna-se difícil discernir mudanças significativas de ordens estruturais. Essas mudanças sociais ocorridas pode ser levadas em contas mais pelas mudanças estruturais da sociedade, do que como resultado de sucesso alcançados pelas pessoas ou por mobilidade individual. Ou seja, a transformação da sociedade industrial na sociedade da informação trouxe novos alentos estruturais e provocou uma certa mudança na pirâmide social. A educação pode ser encaixada como fator determinante para alcançar a Sociedade da Informação. A Educação tem um papel cada vez mais importante na formação da natureza e da estrutura da desigualdade social na sociedade moderna, mas isso não significa afirmar que seja um fenômeno novo para o estudo da natureza da desigualdade. Ela é uma variedade de competência culturais e aptidões. A educação sempre teve uma papel importante na determinação da desigualdade. Por exemplo a capacidade de ler e escrever na língua dominante de uma nação. O conhecimento das leis e dos procedimentos que regem as transações, como saber se o religioso influi na posição social de uma pessoa. Agora conhecer a tecnologia e saber analisar as informações cria um novo aspecto de determinação da desigualdade. Um aspecto importante da transformação da base da desigualdade social é o estabelecimento e garantia da cidadania, especialmente de um pacote de bem-estar social, do qual abaixo não se aceita que a pessoa venha cair. As sociedades avançadas estão se tornando cada vez mais "'sociedades da informação"', as perspectivas multidimensionais da desigualdade social, não captam apropriadamente as novas realidades sociais e econômicas. A maior parte das teorias sobre a desigualdade social é estreitamente relacionadas com o método de produção industrial, onde hoje se situa uma minoria de pessoas economicamente ativas. Cabe também ressaltar o papel primordial que a educação ocupa nessa sociedade moderna, onde o conhecimento torna-se fundamental para compreender o bombardeio de informações recebidas pelo indivíduos. II No século XVIII, com a Revolução Industrial, o capitalismo teve um grande desenvolvimento, dano origem as relações entre o capital e o trabalho, ficando bem claro a divisão entre as classes proprietárias e as classes trabalhadoras. Karl Marx desenvolveu um teoria sobre a noção de liberdade e igualdade do pensamento liberal, essa liberdade baseava-se na liberdade de comprar e vender. Outra muito criticada também foi a igualdade jurídica que baseava-se nas necessidades do capitalismo de apresentar todas as relações como fundadas em normas jurídicas. Como a relação patrão e empregado tinha que ser feita sobre os princípios do direito, e outras tantas relações também. Marx criticava o liberalismo porque só expressava os interesses de uma parte da sociedade. Segundo o próprio Marx a sociedade é um conjunto de atividades dos homens, ou ações humanas, e essas ações e que tornam a sociedade possível. Essas ações ajudam a organização social, e mostra que o homem se relaciona uns com os outros. Assim Marx considera as desigualdades sociais como produto de um conjunto de relações pautado na propriedade como um fato jurídico, e também político. O poder de dominação é que da origem a essas desigualdades. As desigualdades se originam, de uma forma sucinta, dessa relação contraditória, refletem na apropriação e dominação, dando origem a um sistema social, neste sistema uma classes produz e a outra domina os meios de produção. As classes sociais mostram as desigualdades da sociedade capitalista. Cada tipo de organização social estabelece as desigualdades, de privilégios e de desvantagens entre os indivíduos. As desigualdades são vistas como coisas absolutamente normais, como algo sem relação com produção no convívio na sociedade, mas analisando atentamente descobrimos que essas desigualdades para determinados indivíduos são adquiridos socialmente. As divisões em classes se da na forma que o indivíduo esta situado economicamente e socio-politicamente em sua sociedade. As classes sociais se inserem em um quadro antagônico, elas estão em constante luta, que nos mostra o caráter antagônico da sociedade capitalista, pois, normalmente, o patrão é rico e dá ordens ao seu proletariado, que em uma reação normal não gosta de recebe-las, principalmente quando as condições de trabalho e os salários são precários. Prova disso, são as greves e reivindicações que exigem melhorias para as condições de trabalho, mostrando a impossibilidade de se conciliar os interesses de classes . A predominância de uma classe sobre as demais, se funda também no quadro das práticas sociais pois as relações sociais capitalistas alicerçam a dominação econômica, cultural, ideológica, política, etc. A luta de classes perpassa, não só na esfera econômica com greves, etc, ma em todos os momentos da vida social. A greve é apenas um dos aspectos que evidenciam a luta. A luta social também está presente em movimentos artísticos como telenovelas, literatura, cinema, etc. O crescente estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema concentração de renda, os salários baixos, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a marginalidade, a violência, etc, são expressões do grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil. As desigualdades sociais não são acidentais, e sim produzidas por um conjunto de relações que abrangem as esferas da vida social. Na economia existem relações que levam a exploração do trabalho e a concentração da riqueza nas mão de poucos. Na política, a população é excluída das decisões governamentais. Até 1930, a produção brasileira era predominantemente agrária, que coexistia com o esquema agrário-exportado, sendo o Brasil exportador de matéria prima, as indústrias eram pouquíssimas, mesmo tendo ocorrido, neste período, um verdadeiro “surto industrial”. A industrialização no Brasil, a partir da década de 30, criou condições para a acumulação capitalista, evidenciado não só pela redefinição do papel estatal quanto a interferência na economia (onde ele passou a criar as condições para a industrialização) mas também pela implantação de indústrias voltadas para a produção de máquinas, equipamentos, etc. A política econômica, estando em prática, não se voltava para a criação, e sim para o desenvolvimento dos setores de produção, que economizam mão-de-obra. Resultado: desemprego. O subdesenvolvimento latino-americano tornou-se pauta de discussões na década de 50. As proposta que surgiram naquele momento tinham como pano de fundo o quadro de miséria e desigualdade social que precisava ser alterado. A Cepal (Comissão econômica para a América Latina, criada nessa década) acreditava que o aprofundamento industrial e algumas reformas sociais criariam condições econômicas para acabar com o subdesenvolvimento. Acreditava também que o aprofundamento da industrialização inverteria o quadro de pobreza da população. Uma de suas metas era criar meios de inserir esse contingente populacional no mercado consumidor. Contrapunha o desenvolvimento ao subdesenvolvimento e imaginava romper com este último por maio de industrialização e reformas sociais. Mas não foi isso o que realmente aconteceu, pois houve um predomínio de grandes grupos econômicos, um tipo de produção voltado para o atendimento de uma estrita faixa da população e o uso de máquinas que economizavam mão-de-obra. De fato, o Brasil conseguiu um maior grau de industrialização, mas o subdesenvolvimento não acabou, pois esse processo gerou uma acumulação das riquezas nas mãos da minoria, o que não resolveu os problemas sociais, e muito menos acabou com a pobreza. As desigualdades sociais são enormes, e os custos que a maioria da população tem de pagar são muito altos. Com isso a concentração da renda tornou-se extremamente perceptível, bastando apenas conversar com as pessoas nas ruas para nota-lá. Do ponto de vista político esse processo só favoreceu alguns setores, e não levou em conta os reais problemas da população brasileira: moradia, educação, saúde, etc. A pobreza do povo brasileiro aumentou assustadoramente, e a população pobre tornou-se mais miserável ainda. Quando se fala em desigualdades sociais e pobreza no Brasil, não se trata de centenas de pessoas, mas em milhões que vivem na pobreza absoluta. Essas pessoas sobrevivem apenas com 1/4 de salário mínimo no máximo! A pobreza absoluta apresenta-se maior nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Para se ter uma idéia, o Nordeste, em 1988, apresentava o maior índice (58,8%) ou seja, 23776300 pessoas viviam na pobreza absoluta. Em 1988, o IBGE detectou, através da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios, que 29,1% da população ativa do Brasil ganhava até l salário mínimo, e 23,7% recebia mensalmente de l a 2 salários mínimos. Pode-se concluir que 52,8% da população ativa recebe até 2 salários mínimos mensais. Com esses dados, fica evidente que a mais da metade da população brasileira não tem recursos para a sobrevivência básica. Além dessas pessoas, tem-se que recordar que o contingente de desempregados também é muito elevado no Brasil, que vivem em piores condições piores que as desses assalariados. As condições de miserabilidade da população estão ligadas aos péssimos salários pagos. Observou-se anteriormente que mais de 50% da população ativa brasileira ganha até 2 salários mínimos. Os índices apontados visam chamar a atenção sobre os indivíduos miseráveis no Brasil. Mas não existem somente pobres no Brasil, pois cerca de 4% da população é muito rica. O que prova a concentração maciça da renda nas mãos de poucas pessoas. Além dos elementos já apontados, é importante destacar que a reprodução do capital, o desenvolvimento de alguns setores e a pouca organização dos sindicatos para tentar reivindicar melhores salários, são pontos esclarecedores da geração de desigualdades. Quanto aos bens de consumo duráveis (carros, geladeiras, televisores, etc), são destinados a uma pequena parcela da população. A sofisticação desses produtos, prova o quanto o processo de industrialização beneficiou apenas uma pequena parcela da população. Geraldo Muller, no livro Introdução à economia mundial contemporânea, mostra como a concentração de capital, combinado com a miserabilidade, é responsável pelo surgimento de um novo bloco econômico, onde estão Brasil, México, Coréia do Sul, África do Sul, são os chamados “países subdesenvolvidos industrializados”, em que ocorre uma boa industrialização e um quadro do enormes problemas sociais. O setor informal é outro fator indicador de condições de reprodução capitalista no Brasil. Os camelôs, vendedores ambulantes, marreteiros, etc. Por marcos barbosa da silva http://www.monografias.brasilescola.com/sociologia/desequilibrio-social.htm

Projeto de Pesquisa

Monografias » Regras da ABNT » Projeto de Pesquisa A pesquisa começa com um problema que compensa ser investigado. Aparece em forma de problema de pesquisa, que constitui o tema a ser investigado. Dessa forma, o motivo da existência do projeto é a busca de solução para um determinado problema a ser resolvido. A pesquisa é importante para todas as áreas de conhecimento, pois a busca de conhecimentos pode resultar em transformações. Os problemas, os questionamentos, os por quês surgem na relação do homem com o mundo e com os outros homens e são esses que possibilita o homem conhecer, o refletir e o transformar sua realidade. O problema deve ser delimitado e formulado com clareza, precisão e objetividade. O tema e os demais elementos que compõem o projeto podem ser seqüenciados em etapas, essas levarão o pesquisador à solução almejada, se forem bem direcionadas. Por Marina Cabral da Silva http://www.monografias.brasilescola.com/regras-abnt/projeto-pesquisa.htm

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mobilidade sustentável, crise e reurbanização

Colaboração com artigo: Rosani Lidia Finger (geografia rede estadual) A tentativa em melhorar o trânsito da rua João Pessoas poderá ser ampliado de forma a agilizar o fluxo atual em horário de pique. O simples fato de criarem um “fura-fila” não é uma alternativa real e viável a médio e longo prazos. São preciso medidas mais agressivas de mobilidades em horário de pique atualmente prejudicadas, tanto pela falta de transporte coletivo e excesso de veículos individualizados. Essa mesma visão de mundo privada e individualista se observa nas calçadas, nas ruas estreitas ou pouco aproveitadas. Uma das propostas alternativas de agilizar o fluxo do trânsito, mesmo que paliativa, é a de se fazer a terceira via da rua João Pessoas desde a rotatória do Tômio até a mão única da mesma. E alternar de manhã, pois todos se dirigem para o Centro e a tarde se faz o fluxo contrário, conforme horários já conhecidos de pique. Propostas já colocadas em prática atualmente, foram pensadas para segurança, mas não para fluxo e agilidade da mobilidade. Outras necessidades: mais entradas para ônibus, as chamadas “baias”, e passarelas em locais de travessia de pedestre mais intensa. A falta de participação da sociedade civil e controle social fazem com que se decida em gabinetes por políticos que, por muitas vezes, não dominam técnicas necessárias ou autonomia para os técnicos agirem conforme as verdadeiras necessidades da mobilidade da cidade. Com o objetivo de construir uma agenda para a cidade, envolvendo a sociedade civil e Poder Público, desafios da mobilidade em Blumenau, a avaliação dos indicadores técnicos, a relação entre transporte e saúde e as propostas (vinculadas aos orçamentos municipais e estaduais), deve-se criar o Plano Municipal de Mobilidade e Transporte Sustentáveis. A falta de debate e abertura da questão são o que emperram as mudanças necessárias á mobilidade diante da realidade atual do trânsito, cada vez mais caótico. Para um futuro, deverão ser pensadas soluções ousadas, levando em conta a geologia do território, respeitando peculiaridades espaciais, onde as novas vias públicas, observando as altitudes, deverão ser construídas em curvas de níveis e com túneis. Neste debate e nova visão de flexibilização do território, busca-se a garantia de mobilidade espacial, rompendo com histórica ocupação privada do território, onde o espaço público é ocupado pelo privado. Mobilidade em crise e reurbanização insustentável Osni Valfredo Wagner 09 de junho de 2010 A necessidade capitalista em realização do consumismo mesmo que não seja essa a ‘solução’ do sistema, mas. Apenas um produto que gera capital ‘circulação rápida e barato’ pois sua necessidade é gerar capital para reinvestimento. Essa capacidade de inserir as coisas em sua lógica de lucro, a mobilidade urbana está em um estágio de demanda expansiva que é inerente ao uso e consumo de deslocamento intensivo de um ponto fixo para outro. O transporte coletivo precisa de uma nova configuração em qualidade, e quantidade, a baixo custo, essa nova formatação em substituição ao serviço precário, lotações verdadeiros amontoados em situação degradante insalubre a preço caro. Se o mercado necessita de qualificação e barata, mesmo que os de baixo necessitam de salários e por isso precisam trabalhar, automaticamente devemos pensar em ter essa lógica para os trabalhadores do transporte público. A lógica atual é da mercearia que vende lingüiça feita em casa, como ninguém mais produz lingüiça o comerciante vende ao preço que quer. Não é que a carne tenha aumentado de preço, mas sou o único que vende, até tem mais três colegas que fazem o mesmo, como bebemos a mesma cerveja artesanal de comerciantes com a mesma lógica, entre outros que sempre de maneira espontânea vivemos nesse local e sempre deu certo. Então esse negócio de planejar não é bom para os que controlam essa atividade e os arranjos em torno dessa atividade foram regulamentadas, não pensando nos usuários mas sim no lucro monopolistas. Não se está garantindo essa mobilidade por um preço barato, a questão é que o custo ainda é menor aos que tem seus próprios veículos próprios, familiar, micro empresa; do que o consumo da mobilidade pública propriamente dita. Não foi sempre assim essas ruas eram picadas em torno dos ribeirões, as canoas eram as primeiras locomoções, cavalo, carroças, trem e automóvel. Até chegar a essa hegemonia do pós guerra, os anos de 1950 um modelo de combustível fóssil. A aceleração que a máquina a vapor provocou pode-se observar pela quantidade de árvores de madeira nobre que foram extraídas no Vale do Itajaí, recurso natural que fora acumulado em mãos de poucos que utilizaram em beneficio próprio e enriquecimento familiar, privado. Esse patrimonialismo privado dentro do Estatal centraliza o poder e impede o próprio capitalismo em se locomover e se realizar. Que capitalismo que ganha com o modelo de circulação atual¿ Outra questão são as demandas populares de trabalhadores que além de serem explorados em sua força de mão de obra, estão sujeitos a um modelo de circulação classista e com mecanismos de exclusão ao acesso a mobilidade. Pesar espaços fixos com edifícios garagem é mais um produto do capital se realizar, uma coisa é o interesse e ou desejo do capital que visa lucrar com o aluguel desse espaço fixo com finalidade definida se for o caso. Outra é o interesse do governo em manter e ampliar a cobrança de pedágio para estacionar em locais públicos. O interesse dos comerciantes também está em jogo nessa configuração e a que pode vir a ser aplicada nas próximas iniciativas de investimentos na mobilidade urbana na cidade. O corte de árvores na cidade acelera a cada momento histórico, no rural se tem atividade agrícola, com a urbanização, meio a rurubanização se verifica loteamentos em pastagens, desmatamento de florestas em locais com necessidade de altos investimentos comparado ao custo de um apartamento. O que faz com que as pessoas manterem-se nesses locais de risco, mesmo com custos altos, é a identidade com o local, herança de outras gerações. Meio a tradição e costume de morar nestes locais. Quem ganha e quem perdem com as mudanças no fluxo urbano¿ nesse interesse do capital me faz pensar que vai sobrar para o lado mais fraco, quem trabalha e se desloca de casa e precisa de transporte coletivo. Esses últimos é que necessitam de espaço humanizado dificilmente terão por que não dá lucro espaços de mobilidade sustentáveis de fluxo indivíduos que não tem como pagar pelo custo extra da qualidade. O que pode acontecer é que a cidade invista com capital Estatal em locais centrais como em Blumenau para o turismo e de lambuja os habitantes locais recebam uma cidade reorganizada. Essa reterritorialização da Beira Rio para aplicação da “cancha” e fluxo por mais uma via é algo que vem de cima do Ministério da Cidade, Governos: Federal e do Estado onde o município fica com a parte de coordenação, licitando e ou contratando empresa escutadora da obra. Quem se beneficia diretamente são os investidores em atividades terciárias de comércio em geral, em conjuntos de lojas das mais variadas que se pode imaginar. Propiciando aos consumidores em potencial no Vale do Itajaí quase meio milhão de habitantes. Bibliografia: HARVEY, David a PRODUÇÃO CAPITALISTA DO ESPAÇO, David Harvey, São Paulo: Annblume, 2005. http://www.folhadeblumenau.com.br/site/noticia.php?noticia=9509&url=noticia.php?noticia=9509 Mobilidade sustentável Matéria publicada na edição 388, no dia 21-05-2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ENQUETE DO DIAP PARA PRESIDENTE.

Dentre os presidenciáveis, qual a melhor opção para os trabalhadores e o movimento sindical? A enquete promovida pelo DIAP até o momento PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO pré-candidato do PSOL está com a maioria dos votos. Confira; http://www.diap.org.br/ Dentre os presidenciáveis, qual a melhor opção para os trabalhadores e o movimento sindical? Plínio de Arruda Sampaio (PSol) 1016 51.4% Dilma Rousseff (PT) 482 24.4% Marina Silva (PV) 279 14.1% José Serra (PSDB) 101 5.1% Nenhuma das opções 76 3.8% Número de Votos : 1976 Primeiro Voto : Qui, 22 de Abril de 2010 10:22 Último Voto : Qua, 19 de Maio de 2010 12:48 PLINIO com Lula 1988 Plínio Governador São Paulo Fontes: http://www.cm-castanheiradepera.pt/ocastanheirense/1780/cantinho_brasileiro_ficheiros/image040.jpg http://www.diap.org.br/

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Pré - Projete EEBHD

E.E.B Hercílio Dekke Disciplina: Sociologia Professor: Osni Valfredo Wagner Aluno: Luis Fernando Massaneiro Série : 1°3 Pré-projeto Racismo Justificativa. Universalizar o racismo significa reduzir as diferenças a um equivalente geral,um mesmo valor.É a universalização racionalista do conceito de homem que inaugura no século XIX,o racismo doutrinário,com as teorias de Gobineau e Lombroso.Até então,as raças ou as etnias podem ter sempre alimentado ódios ou desconfianças mútuas,mas nunca sob alegações científicas,sob o critério de uma razão universal.A palavra racismo é fruto do século XIX,conseqüência de um conceito de cultura fundado na visão indiferenciada do humano. (Muniz Sodré, página 137,2004) Temos o direito de ser iguais,sempre que a diferença nos inferioriza,temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza (Boaventura De Souza Santos , página 136) O racismo é um ato muitas vezes feito através de palavras ou gestos feito por algo ou alguém afim de atingir a pessoa muitas vezes no sentimento dessa pessoa.Ela é discriminada pela raça ou etnia que ela pertence e também o preconceito é um desses atos que certas pessoas fazem. Objetivo Geral O racismo pra quem não sabe é a superioridade de algumas raças em relação a outras.O racismo hoje se manifesta ainda de forma aberta ou em formas elaboradas. Objetivo Específico 1- Discriminar alguém através de ações ou atos. 2- Preconceito com algo ou com uma sociedade. 3- Racismo produz o ódio entre grupos e pessoas de quem sofrem. 4- O maior racista é o próprio discriminado ou o preconceituoso. Metodologia Estudo bibliográfico. OLIVEIRA, Luiz Fernandes de,1968 Sociologia para jovens do século XXI/ Luiz Fernandes de Oliveira,Ricardo César Rocha da Costa, Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007.

Metodologia e Técnicas de Pesquisa

ALEF - PESQUISAS DE INTERVENÇÃO Assim surgiu uma pesquisa que é, na verdade, um projeto de intervenção. Teoricamente embasada, criteriosamente planejada, essa pesquisa volta-se para uma situação concreta buscando resolve-la. Com essa mesma finalidade e proposta, existe outra alternativa, que é pesquisa-ação, desenvolvida principalmente por Michel Thiollent. É o próprio autor que assim define o modelo proposto: É um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou resolução de um problema coletivo e no quais os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Ao contrário das propostas que buscam isenção e objetividade do pesquisador, a pesquisa-ação pressupõe o engajamento do cientista social na causa que deseja estudar. Como exemplo dessa postura podemos lembrar, nos anos 1970, das pesquisas educacionais que buscavam alfabetizar adultos e, ao mesmo tempo, testar novos princípios e procedimentos pedagógicos. TIAGO -CRITERIOS DE ESCOLHA PESQUISAS QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS Além do controle dos métodos e técnicas, o papel da metodologia consiste em orientar o pesquisador na estrutura da pesquisa: com que tipo de raciocínio trabalhar? Qual é o papel das hipóteses? Como chegar a uma certeza maior na elaboração dos resultados e interpretações? Essas são algumas questões controvertidas que abordaremos. Há ainda outro motivo para que um pesquisador opte pelos procedimentos quantitativos e estatísticos: são os recursos humanos e financeiros. As pesquisas qualitativas exigem deslocamentos, registros e um grupo maior de pessoas. O conhecimento e o uso desses recursos impedem a generalização apressada dos dados de uma pesquisa. Escalas e mensurações populacionais também são técnicas que ajudam em muito o sociólogo, ao calcular, por exemplo, o numero de pessoas presentes em uma manifestação publica. WALTER - O SUCESSO DE PESQUISA Tem-se desenvolvido muito no mundo contemporâneo a pratica da pesquisa. O desenvolvimento do marketing, a necessidade cada vez maior de planejamento empresarial, o ritmo alucinante das mudanças sociais e a fragmentação da sociedade impedem cada vez mais generalizações apresadas. Assim, cresce o numero de pesquisas e o sucesso das atividades que nelas se baseiam. Entretanto, o sucesso e a confiança de uma pesquisa dependem de inúmeros fatores: embasamento teórico, elaboração de hipófises cuidadosas, escolha de indicadores adequados, opção por técnicas compatíveis com a relação que se quer avaliar ou medir. Resultam também de uma orientação bibliográfica atualizada e confiável, do treinamento da equipe de pesquisadores, de uma fiscalização eficiente sobre cada procedimento e, naturalmente, da adoção de uma conduta ética responsável. MAICON - NOVOS RECURSOS Antes de encerramos este capitulo é preciso abrir espaço para algumas considerações a respeito do uso do computador em pesquisas sociais. Afinal, quase todos os cientistas têm feito uso cada vez mais abrangente das novas tecnologias em seus trabalhos. E seu uso, efetivamente, tem significado um apoio indiscutível para a produção de textos e bancos de dados. O uso da rede de computadores para envio de questionários e roteiro de entrevistas, bem como de relatório, também tem agilizado as pesquisas: o tempo tem sido mais bem aproveitado e o custo reduzido. Existem pesquisas bem-sucedidas que desvendaram relações significativas entre esses campos do texto e outras variáveis acerca do corpos pesquisado. Isso porque o cruzamento de informações, que exigia muito tempo, hoje é conseguido de forma imediata como auxilio de um programa. O uso da informática potencializada os dados de uma pesquisa, além de criar formas adequadas de armazenamento. Até mesmo os programas que se propõem ao gerenciamento de pesquisas qualitativas devem ser examinados. E.E.B Hercílio Deeke Disciplina:Sociologia Professor:Osni Valfredo Wagner Nomes: Ana Pabla ,Caroline Martins , Fabiane Ochner , Lisete Spaniol , Rosilaini Neumann , Paulo H. A realidade e os métodos de observação Introdução (Ana pabla) A sistematização da sociologia como campo do conhecimento se deu no séc. XIX, após um longo período em que a filosofia e, depois, a própria ciência procuraram desvendar as relações entre o homem e o meio social. Conceber o comportamento humano como decorrente de leis próprias à vida em sociedade e não da vontade divina ou das características pessoais dos agentes em questão, como até então se fazia, representou uma profunda ruptura nas formas de interpretação da sociedade Até esse momento em que se constitui o pensamento sociológico, tinham pleno sucesso as interpretações míticas e transcendentais que viam nos fenômenos sociais e nas calamidades públicas formas de castigo divino. Na idade Média, também, pela importância do pensamento religioso, as pestes foram igualmente atribuídas aos pecados humanos, assim como se considerava bruxas ou possuídas pelo demônio as mulheres rebeldes ao patriarcalismo da época. E a filosofia – cujos resultados satisfatórios no estudo da natureza da sociedade e da propensão do homem para a vida social foram reconhecidos por Aristóteles – mostrava dificuldades na identificação daquilo que constituía, essencialmente, o social. Foi, portanto uma difícil gestação a emergência do pensamento sociológico e a compreensão de que a vida social tem características próprias, que se expressam por certa regularidade dos fatos sociais. A emergência e a sistematização do pensamento sociológico constituíram um processo de lenta gestação. A emergência dessa compreensão cientifica da realidade social rompeu com as antigas formas de se pensar a sociedade, obrigando-nos a estudá-la em suas bases materiais – percurso histórico, meio geográfico, movimentos populacionais recursos materiais, regras sociais, crenças, regimes políticos, legislações.Ao lado disso,fez-nos aceitar como principio que a vida social não resulta da soma dos indivíduos que a compõem. Desenvolver esse tipo de pensamento, todavia, implicada o desenvolvimento de procedimentos adequados, por meio dos quais os elementos da vida social se tornavam acessíveis e inteligíveis. Com o intuito de entender essa idéia, podemos fazer uso de uma metáfora: para saber o gosto de um bolo cujo os ingredientes estão bem misturados não preciso comer mais do que um pedaço, pois todos os demais pedaços terão o mesmo gosto. Chamamos de CORPUS de uma pesquisa exatamente o tamanho do “pedaço” de uma realidade que resolvemos investigar e que julgamos representativo dela. Essas descobertas só se tornaram possíveis quando os problemas enfrentados pela Europa no século XIX se tornaram tão grave – êxodo rural pobreza nas cidades, greves e revoluções – que as interpretações míticas, filosóficas ou de senso como perdera sua eficácia. A partir dessa nova concepção da realidade social, a intervenção na sociedade tornou-se mais racional e planejada, de acordo com as exigências do desenvolvimento do racionalismo, do capitalismo industrial e do colonialismo. O pesquisador dispõe hoje de inúmeros recursos e técnicas que podem ser utilizados, desenvolvidos ao longo desses quase duzentos anos de pesquisa cientifica da realidade social. Não é raro,também, que se utilize numa mesma pesquisa mais de uma técnica ou fonte de informação e diferentes tipos de analise e interpretação.Não podemos esquecer que toda pesquisa é um processo, ele próprio também social e , portanto, condicionado a situação que lhe deu origem e as condições sociais as quais se realiza. Modos de ver (Caroline) Ouve-se falar muito em olho treinado ou em aprender a ver, mais essa fraseologia pode ser enganosa se esconde o fato de que o que podemos aprender é a discriminar, e não a ver. O historiador da arte E. H. Gombrich afirma nesse trecho que o nosso olhar não vê a realidade à nossa volta em sua essência, mas distingue nessa mesma realidade aquelas manifestações cuja apreenção e definição nos são dados pela cultura. É assim que organizamos os dados sensíveis da realidade de maneira a ser possível reconhecê-la em certos elementos significativos. O cientista elabora um conjunto de idéias que serve para organizar a realidade cotidiana, distinguindo, discriminando séries de fatos observáveis. O cientista cria uma metodologia, um conjunto de princípios e regras capazes de distinguir na realidade complexa, manifestações e comportamentos diversos, a fim de compará-los, analisá-los,avaliá-los. O desenvolvimento da metodologia científica na sociologia, ou seja, a elaboração de técnicas de pesquisa, vem crescendo na mesma proporção em que frutificam as formulações teóricas. Seu ritmo se acelera à medida que as proporções metodológicas se comprovam, ou seja , mostram-se válidas quanto à sua capacidade de explicar os acontecimentos sociais, prevê-los e intervir na sociedade. Outros fatores que estimulam seu desenvolvimento são a própria racionalidade da vida social moderna, a necessidade premente de planejamento em qualquer âmbito da atividade humana e a forma aguda com que os problemas sociais se apresentam ao cientista. Indicadores (Caroline) Dissemos que a metodologia cientifica utilizada em determinada pesquisa é aquela que ensina o cientista a “ver” a realidade, isto é, a nela distinguir determinados acontecimentos e as relações existentes entre eles. Isso se torna especialmente importante pois na pesquisa social o objeto de estudo não é um organismo ou um ser, nem um fenômeno absolutamente circunscrito, mas certo aspecto da realidade na qual estamos inseridos, ou seja , uma certa maneira de ser social da própria vida. Em sentido figurado, podemos dizer que os conceitos são as “ferramentas” de trabalho , como o binóculo ou a bússola, em quanto as técnicas de pesquisa são as instruções para o uso correto desse instrumento.Existe , uma relação direta entre os conceitos e o modo de abordar a realidade . Uma metodologia incorreta provoca distorções semelhantes às de um binóculo mal-ajustado. Para observar os conceitos que quer analisar ou comprovar, o cientista social deverá se valer de indicadores ( elementos empiricamente perceptíveis nos quais os conceitos se traduzem). É ele que, direcionado por seus interesses e inquietações e por um conjunto de pressupostos teóricos, elege determinados recortes da realidade capazes de indicar certo aspecto do seu objeto de estudo. O papel da teoria é fundamental para a conceituação e escolha dos indicadores,pois é ela que recorta a realidade, configura os limites do que deverá ser estudado e estabelece as possibilidades de generalização da pesquisa . Assim, a ascensão social, dada como exemplo de um objeto de pesquisa social, poderá ser traduzir por indicadores diferentes, dependendo dos aportes teóricos do sociólogo. Os procedimentos empíricos que permitem ao sociólogo obter os indicadores a partir dos quais tecerá suas análises constituem o que chamamos de “pesquisa de campo” e que significa o deslocamento do cientista do seu escritório para o espaço do fenômeno que quer estudar. Indicadores Quantitativos (Paulo) Um dos métodos de observação à sociedade mais eficaz em questão de praticidade, precisão e rapidez é o indicador quantitativo. Nos primórdios da sociologia, os cientistas julgavam que o envolvimento do cientista com o objeto de estudo poderia comprometer a realidade de suas análises, portanto, o sociólogo procurava se distanciar do objeto estudado, era difícil mas valia a pena, pois a pesquisa era bem mais valorizada . Mas atualmente considera-se que o envolvimento do investigador com o objeto de investigação possa ser conveniente, permitindo economizar etapas de pesquisa. Observação ( Rosilaini) Dá- se o nome de observação à técnica de pesquisa em que o cientista, guiado por uma metodologia, por conceitos e indicadores correspondentes, coleta,seleciona e ordena dados da realidade a fim de tentar explicar sua gênese e suas características. É tão importante na ciência sociais como nas demais ciências. As primeira investigações desse tipo foram os relatos de viajantes europeus que se dispunham a conhecer outros continentes. Embora valiosos, resultavam de observação espontânea e informal . A escola funcionalista foi a que mais chamou a atenção para a necessidade de observação sistemática, de realização de amplos estudos empíricos com base em dados obtidos diretamente pelo investigador, numa relação direta prolongada e orientada com o objeto de estudo. Observar não significa simplesmente “olhar”, mas discriminar e discernir. Significa separar, em meio à complexa vida social, aquilo que é circunstancial e periférico daquilo que é essencial e diz respeito ao problema investigado. Podemos distinguir três fases no processo de observação. A primeira é aquela em que o cientista, de posse de seus indicadores, reúne uma massa de dados considerados importantes (brutos). A segunda fase é a da codificação, os dados são compilados e classificados. Em uma terceira fase, a da tabulação, os dados são dispostos segundo sua significância. Observação em massa (Rosilaini) A observação pode limitar-se a um único evento, quando a intenção do investigador é estudar um festejo ou qualquer acontecimento individualizado, ou pode estender-se a um grande número de eventos ou pessoas e a casos observados por diversos pesquisadores, focalizando um tema constante na vida cotidiana. Quando se observa o comportamento de uma grande população em relação a um conjunto determinado de fatos, está se praticando um método da observação em massa. A observação em massa foi muito utilizada na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, quando os cientistas sentiram a necessidade de estudar as reações populares diante da situação de guerra. A primeira observação em massa levada a efeito foi em 12 de maio de 1937, na Inglaterra, durante de Jorge VI , quando centenas de observadores relataram o que viram e ouviram, enviando seus relatórios a sociólogos e antropólogos. As observações em massa prosseguiram durante toda a guerra, inclusive no outono de 1940 , período dos pesados bombardeios aéreos alemães, que provocaram alterações profundas no modo de vida da população inglesa. Tanto as pesquisas de marketing como as de comportamento político procuram desenvolver esse método de observação, a fim de atingir o maior número de pessoas e de informações. As pesquisas atuais contam com todo avanço tecnológico para os processos de codificação e tabulação de dados. A observação direta da realidade é instrumento imprescindível para qualquer pesquisa social, e seu método varia de acordo com o problema investigado.O cientista depara com acontecimentos únicos , cuja observação não poderá ser repetida, mas isso não porá em risco suas analises se a observação for feita de maneira rigorosa e metódica, relacionando os fatos particulares aos aspectos mais gerais da realidade social investigada. Observação participante (Paulo) Foi criada pela antropologia e principalmente pela escola funcionalista. Como diz o próprio nome, na observação participante o investigador “participa” do objeto estudado, e é isso que à difere dos métodos de observação comuns. A aplicação desse método tem levado inúmeros cientistas a adotar estilos de vida da comunidade a ser estudada. Observação controlada e observação participante (Fabiane) Os sociólogos dividiram suas técnicas em: Observação à distância, observação repetida e , mais tarde, sob influencia do desenvolvimento da pesquisa antropológica, observação participante. Com o intuito de observar a organização de operários numa fábrica, por exemplo, os pesquisadores passavam a trabalhar na fábrica, podendo assim observar de perto e também de dentro essa realidade. Uma forma de controle dos desvios inerentes à técnica de observação é repeti-la, fazendo variar os horários e as condições do fenômeno que se quer observar. Temos nesse caso a possibilidade de distinguir o que é essencial e o que é circunstancial nos acontecimentos observados. Há, ainda para garantir maior objetividade aos métodos de observação, a estratégia de observação comparada de grupos de controle. Nesse caso, estaremos fazendo variar não só as condições que envolvem um acontecimento,como também o tipo de acontecimento. Em qualquer modelo de observação, um elemento indispensável é o registro sistemático dos dados observados.Por mais que se sustente a regularidade dos fenômenos sociais, estaremos observando situações únicas.Os registros garantirão uma sistematização daquilo que observamos e a armazenagem de elementos importantes dessa observação. Observando documentos e registros (Fabiane) Com o desenvolvimento de novas tecnologias de registro, gravação e reprodução, multiplicaram-se na sociedade as formas de acesso aos dados sobre acontecimentos importantes da vida social. Fotografias, filmes e vídeos trazem aos sociólogos as mais diversas informações sobre fenômenos sociais. A utilização desses registros exigiu também inúmeros estudos, na medida em que cada uma dessas técnicas constituem também linguagem e carrega em si formas diferentes de interpretação dos fatos, expressas nesse documentos. O uso desses documentos possibilita também melhores alternativas para as reconstituições de épocas. Além disso, a necessidade de garantir objetividade no uso de fotografias e filmes na pesquisa social propiciou o desenvolvimento de estudos profundos sobre a linguagem dos meios de comunicação da arte. Registrando a observação (Fabiane) O registro daquilo que se observa é essencial para garantir o melhor uso possível dos dados observados. Ao descrever de maneira precisa aquilo que observamos, estamos possibilitando que as analises sejam feitas em um segundo momento, após a experiência da observação. O registro garante maior perenidade as observações e a possibilidade de comparação futura com as novas informações. Também chamamos de “diários de campo”, esses registros servem para múltiplas funções: descrição e organização mental daquilo que se observa, elaboração de analises criticas e o registro da metodologia de trabalho. Muito útil é o registro de desenhos, esquemas e mapas, que auxiliam na reconstituição dos fatos. As novas tecnologias tem ampliado os meios de acesso a dados sobre diversos acontecimentos. Não podemos esquecer que esses mesmos meios de gravação e reprodução têm sido utilizados nos registros científicos de acontecimentos. Cada vez mais o sociólogo utiliza a fotografia e o vídeo, além do gravador, no registro dos fatos observados. As mesmas informações que o sociólogo deve considerar no uso de registros feitos por terceiros devem estar presentes em suas próprias gravações. Como se pode perceber, observar é uma estratégia importantíssima, rica e , como muitas outras deve estar cercada de rigor e método. Entretanto por mais fidedignas que sejam as técnicas não podemos esquecer que os resultados de uma pesquisa têm a magnitude das questões e das analises propostas pelos cientistas. Roger Bastide e a pesca de Xareu (Lisete) Roger Bastide põem em destaque a mística, pelo menos as atividades religiosas paralelamente aos trabalhos da pesca e em função desta, vez que o comportamento religioso surge na medida em que o pescador necessita de amparo, digamos divino para o bom desempenho de suas tarefas. Educação a distância – entre o entusiasmo e a critica (Lisete) A autora estabeleceu uma relação entre tecnologia, linguagem e educação. Se como um inseto pequeno pode ser observado a distancia , com suas características aumentadas pelo zoom da (tela) câmera, em segurança e em uma perspectiva jamais conseguida ao vivo. Técnicas e instrumentos de observação (Lisete) O conhecimento cientifico da realidade global de seus aspectos particulares, se compõem de fenômenos e relações entre fenômenos que se dão livremente, mas que obedecem a uma necessidade,tais outros tem de ocorrer, necessariamente, ou há uma probabilidade de que venham a ocorrer.Os fenômenos estudados pela sociologia sucedem no espaço ou no tempo, por obediência e relações determinadas. Identificar esses fenômenos é explicar essa realidade, conhecer cientificamente essa realidade. A observação humana, que é sempre uma adequação entre o sujeito observador e o objeto observado. O observador da realidade social é um ser social e a sua observação estará sempre condicionada pela localização espacial e temporal. O objeto observado não se apresenta ao observador como se apresentam os objetos das ciências naturais, com propriedades físicas. Apresenta-se através da criação da existência e da transformação de grupos, relações, comportamentos, instituições de valores, idéias , reações pessoais e etc. A relação sujeito – objeto além de estar condicionada pelas características de um e de outro apresenta características próprias: seletividade e limitações. A observação é seletiva, algumas características são observadas outras não, dependendo do observador e das relações entre ambos os fenômenos. Referência Bibliográfica: COSTA, Maria Cristina Castilho Sociologia: introdução à ciência da sociedade, Ed.: Moderna, SP p. 332 a 383, 2005.

domingo, 16 de maio de 2010

Entrevista com Plínio no Portal Terra

Entrevista com Plínio no Portal Terra Dilma, Marina e Serra não têm nada de esquerda, diz Plínio Leia a entrevista: Terra – O que motivou o senhor a ingressar na carreira política? Plínio de Arruda Sampaio – Sou de uma família de gente política. A vida inteira se discutiu sobre isso na minha casa. As primeiras prosas de política que eu ouvi foram no colo do meu pai. Meu avô foi deputado, então, sempre fui criado com essa preocupação. Depois, fui militante da Juventude Universitária Católica e o nosso envolvimento social era enorme. E preocupação social é política. Terra – O senhor foi exilado durante a ditadura militar e a pré-candidata petista, Dilma Rousseff, também foi vítima do regime e o combateu de outra forma, com a luta armada. O que o senhor acha desta forma de resistência e o que acha das críticas feitas à ex-ministra por conta disso? Plínio de Arruda Sampaio – Tenho o maior respeito pela coragem desses moços e pela dedicação deles. Na época foi uma grande dúvida para a minha consciência. Eu estava exilado com a minha esposa e meus cinco filhos. Eu me perguntava se eu deveria estar aqui ou lá. Mas minha avaliação política é de que foi um erro. Tanto é que depois fizeram uma autocrítica e voltaram à vida institucional, porque daquela forma não tinha a menor condição política de vencermos a ditadura. Terra – O que o senhor acha da Lei da Anistia? Plínio de Arruda Sampaio – A lei é política, diz respeito aos delitos políticos. A tortura não é um delito político, mas um crime comum. Cruel. Portanto, não pode ser abrangido pelo conceito de anistia. Terra – O senhor é a favor da legalização ou descriminalização das drogas? Plínio de Arruda Sampaio – Estamos estudando isso no meu partido porque eu não tenho uma opinião formada. Chamei vários especialistas em psicologia e medicina, por exemplo. Estou esperando esse grupo me dar uma ideia para eu tomar uma posição clara. Reconheço que se usa o pretexto da droga para criminalizar a população jovem pobre. Se houver uma maneira de evitar que a legalidade da droga seja um fator que ajude a expansão da criminalidade, evidentemente serei favorável. Terra – Dilma e Serra se manifestaram sobre a questão do aborto porque a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse que apoiaria o candidato favorável à vida. O senhor é favorável à legalização do aborto? Plínio de Arruda Sampaio – Serra fugiu da questão e passou o problema adiante. Dilma voltou para trás. Marina diz que é uma questão que é, mas não é, se fosse, seria ótimo, mas como ela não é, é ótimo também. Eu discordo da opinião da CNBB, que é uma opinião muito rígida, muito fechada. E eu sou cristão, católico apostólico romano e me confesso frequentemente. Exatamente por eu ser católico que sou contra. Do ponto de vista da administração pública, sou favorável. Não posso, numa sociedade pluralista impor uma convicção religiosa minha a ninguém. Essa é uma questão social. Milhares de moças perdem a vida ou se machucam por causa da ilegalidade. A minha proposta é legalizar o aborto. Não é a descriminalização, é mais, é a legalização com procedimentos que assegurem que aquela moça, diante deste dilema, não tenha decisões forçadas, nem para um lado, nem para o outro. Ninguém defende mais o filho do que a mãe. Terra – O senhor acredita que pode vencer ou é, desde já, uma candidatura de propaganda política do partido? Plínio de Arruda Sampaio – Antes de mais nada, é uma candidatura para dizer o que nem Marina, nem Dilma, nem Serra estão dizendo sobre o aborto, sobre a reforma agrária, sobre todas as questões do País. Porque ninguém diz nada. Quando você diz, tem gente contrária e a favor. Por exemplo, o que eu disse agora sobre o aborto. Eu devo ter perdido milhões de votos dos fundamentalistas que não aceitam o aborto de jeito nenhum. Eu falo, paciência. A candidatura é para dizer que a política tem que ser o jogo da verdade. Não pode continuar a ser o jogo da mistificação. Esse é o intuito real da candidatura. Eu quero vencer? Claro. Tenho condições? Não sei. Aparentemente não, porque tenho pouquíssimos recursos, não sou uma pessoa que esteja na mídia todos os dias, ao contrário. Minha candidatura é para afirmar uma alternativa totalmente diferente para o País, para mostrar a impossibilidade de resolver os problemas do Brasil dentro do capitalismo e para apontar a um socialismo democrático. Terra – O que faria um eleitor votar no senhor e não em Marina Silva, tendo em vista que ambos se colocam como uma alternativa à polarização PT-PSDB? Plínio de Arruda Sampaio – Marina polariza e não polariza. Se polarizasse, não polarizaria. Se polarizando, não vai polarizar. Assim, ela não se traduz nunca. Ela é a mesma coisa que os outros dois. Ela não se propõe a ser socialista. É assim: ou você é capitalista e do campo da ordem, ou você é anti-capitalista e do campo da ruptura democrática, revolucionária. Terra – Em algumas pesquisas de intenção de voto, o nome do senhor sequer apareceu no questionário. Como lida com isso? Plínio de Arruda Sampaio – Mal, muito mal. Fico irritadíssimo e absolutamente indignado. Eu sou um homem público há 60 anos, não sou um arrivista que veio brincar de ser candidato. Já fui candidato a governador do estado de São Paulo por duas vezes, fui deputado federal três vezes, fui um homem cassado pelo regime militar. É um desrespeito com a minha pessoa e, sobretudo, um desrespeito ao meu eleitor. Porque eu tenho eleitores. Posso não ter para ganhar, mas tenho e eles têm o direito de saber. Terra – O que o senhor acha do projeto ficha limpa? Ter a ficha limpa não deveria ser um pressuposto do homem público? Plínio de Arruda Sampaio – Acho que não deveria ser necessário. A Constituição diz que é preciso ter uma reputação ilibada. Mas eu acho que é uma prevenção razoável. Não creio que seja um instrumento final para evitar o sem vergonha malando na política. Isto só virá com a consciência política. Mas já ajuda. Terra – O que o senhor acha do financiamento público de campanha? O partido do senhor é socialista, contudo nas eleições de 2008 aceitou financiamento privado de uma grande empresa no Rio Grande do Sul… Plínio de Arruda Sampaio – Não entra um tostão de empresa na minha campanha. Vetadíssimo! Aceitaremos contribuições particulares, pessoas que doem R$10, R$15, ou R$20… In-di-vi-du-al-men-te. Eventualmente se um empresário, enquanto pessoa, quiser me dar uma colaboração módica, pode dar. Tudo público. Durante a Constituinte, eu fiz um projeto de financiamento de campanha. Terra – Como o senhor avalia as coligações que estão sendo feitas pelo Psol? Os partidos de maneira geral tem se aliado com diversas siglas que em outra ocasião eram completamente distantes. Plínio de Arruda Sampaio – Porque não são partidos, mas condomínios de caciques políticos. Os partidos da ordem não são partidos, mas condomínios que abrigam lideranças pessoais. Cada cacique tem o seu partido e eles fazem as mais variadas alianças. Pode se fazer alianças amplas. O Stálin (URSS) se aliou a Churchill (Inglaterra). Nem um achou que o outro virou comunista, nem o contrário. Quando se tem um objetivo comum, pode aliar com outros partidos. No caso dessas eleições, não temos objetivo em comum com nenhum partido que não seja de esquerda. Então, só nos aliamos com PCB e PSTU. E isso vai valer para todos os Estados. (Caso a eleição vá para o segundo turno, o Psol defenderá o voto nulo). Terra – Se as chances do senhor aumentarem, o senhor pensa em fazer uma Carta aos Brasileiros, como fez Lula em 2002? Plínio de Arruda Sampaio – Farei, mas de teor completamente diferente. Seria a carta que ele deveria ter feito, porque se comprometeu, e não fez. Terra – O senhor guarda algum tipo de mágoa em relação ao PT? Plínio de Arruda Sampaio – Não. Guardo uma grande tristeza. A tristeza de uma tragédia. O PT é o primeiro partido que o povo resolveu construir. O PT polarizou a luta entre as duas classes básicas pela primeira vez na história do Brasil. E a maioria dos petistas é gente ótima. Gente de uma enorme responsabilidade social. O que houve foi um desvio de cúpula. A cúpula do PT se perverteu. Terra – Foi isso que motivou a saída do senhor? Plínio de Arruda Sampaio – Foi… Eu lutei lá. Eu percebi a mudança do PT. Em 1994, um pouco. Em 1998, claramente. Tive uma longa conversa com Lula em que eu expliquei isso e mostrei a ele a necessidade de ser candidato com o programa do partido, mesmo que ele não se elegesse. Mas o PT preferiu o outro caminho, o do poder. Com isso fui ficando numa posição de escanteio, mas permaneci no partido e decidi disputar a presidência da legenda. Naquela campanha eu percebi que era impossível combater o grupo que estava no poder porque eles montaram uma máquina eleitoral imbatível. A democracia é a promessa da rotatividade no poder. Se sou minoria, continuo porque sei que dá pra convencer as pessoas do outro lado e na próxima tentar ser eleito. Quando isso se torna impossível, eu estou lá só legitimando o processo. Assim, resolvi sair. Mas com tristeza. Eu não sai do PT, o PT é que saiu de mim. Eu comecei socialista, o PT também. Eu continuei socialista e o PT deixou de ser socialista. Terra – O ex-governador de São Paulo tem dito que defende uma “reforma agrária pra valer”. O senhor defende uma reforma agrária em quais moldes? Plínio de Arruda Sampaio – Primeiro, que ex-governador é esse? Terra – Serra. Plínio de Arruda Sampaio – Mas o Serra lá entende de reforma agrária? O Serra não sabe nem onde é a frente de uma vaca. O Serra não tem noção disso. E a posição dele é reacionária. Ele está eleitoralmente querendo capturar os votos de Kátia Abreu (senadora do DEM-TO e líder da bancada ruralista). É triste. Terra – Reclama-se sempre das altas taxas tributárias. Em época de eleição sempre prometem uma reforma tributária e ela não vem. O senhor acha ser preciso uma reforma tributária? Plínio de Arruda Sampaio – Acho que é indispensável, mas contra os que estão querendo uma reforma. Porque querem a reforma para não pagar imposto. Precisa ter uma reforma para fazer esse povo pagar. Quem não precisa pagar é o povo pobre, que paga idêntico ao rico. Quando o Antônio Ermírio de Morais e a Dona Maria, lá na Vila Prudente, compram uma caixa de fósforos, pagam o mesmo imposto. Isto é um absurdo. Terra – Como o senhor avalia os oito anos de governo FHC? Plínio de Arruda Sampaio – Uh! Foi um desastre! Quem quebrou a Era Vargas foi Fernando Collor, que era um irresponsável e quebrou irresponsavelmente. Agora, quem consolidou a ruptura e realmente destruiu o Estado Vargas foi Fernando Henrique. A Era Vargas foi a primeira afirmação nacional forte nesse País. Depois, nós regredimos. Esse foi o grande mal. Terra – E como avalia os oito anos de governo Lula? Plínio de Arruda Sampaio – Os oito anos de governo Lula têm um outro aspecto absolutamente negativo. Ele dissolveu a organização popular. Ele não perseguiu, mas cooptou, o que é mais grave, porque ele mexeu no moral dessas entidades. Terra – Como a história vai olhar para esses oito anos. O que mudou na política brasileira e que vai deixar marcas históricas? Plínio de Arruda Sampaio – Uma época de sonambulismo. O Brasil ficou enfeitiçado. Por um lado as coisas melhoraram objetivamente, não foi nem aparentemente, melhoraram mesmo. Mais pessoas receberam o Bolsa-Família, salários melhores e preços mais favoráveis para comprar eletrodomésticos e automóveis. Agora, essa mesma pessoa que acha que mudou de classe social porque comprou uma geladeira não está percebendo que o filho dela não está sendo alfabetizado, ou que ela vai levar seis meses para conseguir uma consulta se não tiver um seguro médico, ou que o pai dela não tem aposentadoria suficiente para manter uma casa e vai morar na casa dela. Quer dizer, essa pessoa também não está percebendo a violência que está se formando nesse País, o fato de existirem bairros comandados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), onde o Estado não entra. Este é o drama, um sonambulismo. O historiador dirá que a população, imantada pela demagogia do Lula, não percebeu a realidade dura que estava atrás. Terra – Serra tem dito que é um candidato de esquerda. Plínio de Arruda Sampaio – Quem? Ele? Foi. Terra – Se pensarmos nessa divisão entre direita e esquerda, o senhor é de esquerda. Acredita nessa classificação? Como o senhor se classificaria? Plínio de Arruda Sampaio – Quem não acredita nessa classificação é porque é de direita. Ou você está do lado do povo, ou do lado da ordem. O Serra foi radical, radicalíssimo. Foi radical o danado, viu? Convivemos muito no exílio, não tenho nada contra o Serra pessoalmente, mas politicamente. Ele optou pelo outro lado. Como se diz por aí, ele criou juízo. Eu não criei, com a graça de Deus. Serra não tem nada de esquerda. Nem Dilma. Nem Marina. Terra – Quais são as suas plataformas de governo? Plínio de Arruda Sampaio – O partido dirá o meu programa, mas, como membro, darei o meu pitaco. O Brasil tem dois grandes problemas: a segregação social e a dependência econômica e política do exterior. Para mim, o fundamental para atacar a segregação é a reforma agrária. Um tópico só: toda propriedade com mais de 500 hectares, seja ela produtiva ou não, ficará suscetível à desapropriação. Um segundo ponto é a educação pública, gratuita e de qualidade. Outro: medicina, só pública. Não admito que alguém lucre com o câncer, por exemplo, e que uma pessoa torça para ter mais cancerosos para ter mais lucro. Isso é uma excrescência. A Saúde tem que ser estatal. Terra – Como o governo deve se portar em relação ao Banco Central? O BC deve ter total autonomia? Plínio de Arruda Sampaio – Não deve. É entregar a horta para a cabra. O Banco Central é do governo. Quem controla a moeda é o governo porque ele é que pensa no bem estar coletivo e conjunto. É claro que o banqueiro vai pensar só nele. Terra – O senhor comentou as facilidades em se comprar eletrodomésticos. O que o senhor achou das medidas adotadas pelo governo para minimizar os efeitos da crise? Plínio de Arruda Sampaio – O Brasil conseguiu enganar a crise. Essa medida não foi provocada por Lula, mas pela própria crise. A crise tornou impossível a aplicação no país desenvolvido, porque estava parado. Aquele capital que não pode ser investido no seu País, vai procurar bons lugares. O Brasil, com um juros altíssimo – o maior do mundo – atraiu o capital e deu uma folga fiscal para o governo que, ao invés de pegar essa folga e reestruturar a nossa economia, jogou tudo demagogicamente para conseguir que uma parte da população ficasse ultrasatisfeita. O efeito de demonstração dessa parte da população gera esperança naqueles que ainda não têm. Então, todo mundo acha que está bom porque tem esperança de melhorar. Terra – O que o senhor acha do Bolsa-Família? Plínio de Arruda Sampaio – O sujeito só não está sentindo a dor da fome, mas não está se alimentando bem. Não está comendo proteína, só farinha. Terra – O senhor é contra o programa? Plínio de Arruda Sampaio – Não. Inclusive fui do grupo do Bolsa-Família, mas me demiti quando o programa perdeu o seu sentido. Deixou de ser uma atenção imediata, com a garantia de uma terra depois, um emprego, um lar. Não tem reforma agrária, nem política de emprego, virou assistencialismo puro e simples e mais, estão corrompendo os beneficiados. Terra – O que o senhor acha da política exterior brasileira? Plínio de Arruda Sampaio – É o único aspecto em que não é um desastre. Tem um pouco de fogos de artifício. Porque, na verdade, um País que não tem forças armadas para sustentar sua diplomacia tem uma ação diplomática relativamente pequena. Agora, dizer que o Brasil está intermediando a relação com o Irã é mania de grandeza. Terra – Como o senhor avalia a relação brasileira com o Irã? Plínio de Arruda Sampaio – Corretíssima. O Irã não pode ter armas nucleares, mas quando ele olha para o lado, vê Israel que tem. Sou contra ter armas nucleares, mas, ou todo mundo tem, ou ninguém tem. Acho uma hipocrisia essa condenação. Acho que o Brasil faz muito bem em ir ao Irã e eu iria também. Terra – O que o senhor acha da gestão do presidente venezuelano Hugo Chávez? Plínio de Arruda Sampaio – Excelente. Está fazendo um ótimo trabalho. É um homem devotado ao seu país. Conheço bem a Venezuela, pois realizei muitos trabalhos lá. Chávez está sendo atacado porque está realizando verdadeiras reformas estruturais no País. Terra – E sobre a gestão do americano Barack Obama? Plínio de Arruda Sampaio – Tenho simpatia por ele. O importante mesmo é o fato de que ele chegou lá. Terra – Como Lula? Plínio de Arruda Sampaio – Mais ou menos. A importância é o povo perceber que um deles chegou lá. É isso que me deixa triste com Lula, ele está jogando isso fora. Obama está procurando dentro das dificuldades que tem – os EUA são reacionários -, dentro dessa camisa de força, conseguir vitórias como a da Saúde. Terra – Quais são os teóricos que fazem a sua cabeça? Plínio de Arruda Sampaio – Minha referência básica de direcionamento político é o pensador alemão Karl Marx. Mas tenho um tripé no plano sociológico nacional: Florestan Fernandes, Caio Prado e Celso Furtado Terra – Torce para que time? Plínio de Arruda Sampaio – Sou leal ao São Paulo Futebol Clube, minha esposa é corintiana e meus filhos são santistas. Terra – O que achou da convocação de Dunga? Os meninos santistas deveriam ter sido chamados? Plínio de Arruda Sampaio – Eu queria o Ganso. Neymar poderia esperar mais, mas eu queria que o Ganso tivesse sido convocado. Publicado no Portal Terra em 14/5/2010