domingo, 29 de maio de 2011

Tradição Família e Propriedade

“A direita armada da baixaria das chantagens impondo ao governo a aprovação de um código florestal no congresso nacional e provavelmente no senado, que desregulamenta a proteção da mata ciliar e protege infratores. Ervas, sementes, árvores, frutos, alimentos, Deus criou tudo (...) era muito bom (Gn 1, 31). Uma questão de interpretação em um país de analfabetos funcionais” Osni Valfredo Wagner Se pudermos comparar o governo de Lula ao de Getulio, então Dilma pode ser comparada com Jânio quadros¿ Calma os militares não vão fazer outro golpe! A direita não precisa disso hoje em dia ela está no poder. Os anos de 1960 foram importantes para avanços da cultura popular apoiadas pelo governo que era impulsionado por reformas de base. Os anos 2011 estamos vivendo em outra conjuntura pos crises do final do século XX. A crise do capitalismo financeiro, a automação com arrocho salarial e desemprego estrutural. Os ideais conservadores liberais estão com um terreno fértil de boa aceitação pela mídia impossibilitando outra ideologia como alternativa ao capitalismo. As possibilidades de governos voltados aos interesses sociais têm poucas opções: diversidade e gênero são bandeiras que esbarram em interesses conservadores de uma moral cristã machista e xenófoba. As hipocrisias de uma cultura das aparências como se não existissem as diferenças de gêneros, a homoafetividades, a africanidades e indígenas. A direita armada da baixaria das chantagens impondo ao governo a aprovação de um código florestal no congresso nacional e provavelmente no senado, que desregulamenta a proteção da mata ciliar e protege infratores. Ervas, sementes, árvores, frutos, alimentos, Deus criou tudo (...) era muito bom (Gn 1, 31). Uma questão de interpretação em um país de analfabetos funcionais. A moda está tão forte que os evangélicos fazem a mesma coisa exigindo o fim dos livros com explicações avançadas sobre a homofobia que é simplesmente a não aceitação de homoafetivos ou mais rústico que beira a homofobia. Coisa que não é tão preocupante entre as crianças e jovens, mas a prática homofóbica é coisa de adulto. O desprezo quem for diferente de heterossexual, uma heteronomatização: só é normal que for heterossexual, um dogma da visão cristã ocidental, os protestantes fizeram uma reforma econômica, mas mantiveram a visão de que o “homem é o provedor da casa e a mulher é a dona de casa”, coisa que não cabem mais em tempos que tanto o homem e a mulher precisam trabalhar para conseguirem ter uma renda satisfatória para prover a família. O dever de educar os filhos e filhas nessa nova mentalidade de que o serviço de casa é da casa e não uma divisão de tarefas da mulher é um avanço importante para romper com as velhas ideologias do machismo. A tentativa de conviver em uma sociedade brasileira plural entre interesses dos trabalhadores para que tenha uma vida digna e saudável e interesses do capital que obtenha lucro com menores custos possíveis; exercer a liberdade sexual por um lado e por outro conservar valores tradicionais da cultura cristã¿

quarta-feira, 25 de maio de 2011

GREVE DO MAGISTÉRIO

“professor na rua governo a culpa é sua” (...) “Lei do Piso Nacional do Magistério o valor atual é de R$ 1.187,97. Lembrando que o Salário Mínimo Necessário para se viver é de R$ 2.255,84(...) a classe trabalhadora em geral ganha pouco o mínimo nominal de R$ 545,00, sancionado pela presidenta Dilma” Osni Valfredo Wagner Professor da Rede Estadual da Educação Professor de Sociologia Formado em Ciências Sociais – FURB Especialização Gestão de Programas de Reforma Agrária e Assentamento Mestrando Desenvolvimento Regional A greve dos trabalhadores da educação rompe silêncio de ano da categoria, outras greves se tiveram alguns avanços, mas essa vez envolve a estrutura de todos vai além da categoria é de classe a greve, os de baixo lutando contra a exploração que o patrão impõe no caso o Patrão é o Estado. Mas agora os trabalhadores vêm com tudo na luta pelo Piso Nacional do Magistério. Tivemos os primeiro semana passada, há segunda semana poderemos ter uma solução rápida por parte do governo ou não. Depende muito mais do governo que até então não demonstrou que vai pagar resolvendo o impasse. Cresce cada vez mais à adesão ao movimento social em coro: “professor na rua governo a culpa é sua” e tantos outros gritos de ordem em passeatas. Ficando claro para toda a sociedade que a Lei 11.738 de 16 de julho de 2008, o governo de Santa Catarina não quer pagar não por não ter dinheiro, mas por falta de vontade política. Caso prove que não tem caixa poderá recorrer ao governo federal em um fundo. Do Caixa Estadual ou do Fundo Federal, os trabalhadores da educação estão em greve exigindo o que é de direito em Lei do Piso Nacional do Magistério o valor atual é de R$ 1.187,97. Lembrando que o Salário Mínimo Necessário para se viver é de R$ 2.255,84; calculados pelo DIEESE, de acordo com a (Salário Mínimo Necessário de acordo com o preceito constitucional salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo; a família é considerada dois adultos e dois filhos chegando a um salário mínimo necessário) Constituição da República Federativa do Brasil, capitulo II Dos Direitos Sociais, artigo 7º inciso IV. Conscientes de que a classe trabalhadora em geral ganha pouco o mínimo nominal de R$ 545,00, sancionado pela presidenta Dilma e que também derrubou na câmara e senado, as emendas de R$ 600,00 e R$ 560,00. A professora Amanda Gurgel (185692 acesos) faz um resumo da educação no Brasil, essa analise recai sobre o Estado de Santa Catarina em que o governo não paga o Piso Nacional do Magistério que é Lei desde 2008, o que se quer é que se cumpra à lei. O valor atual é declarado como constitucional pelo STF. A luta dos professores é uma luta de toda a classe trabalhadora pelos seus direitos, por justiça e legalista.

terça-feira, 24 de maio de 2011

O som do silêncio e o Código Florestal

Miriam Prochnow e Wigold Bertoldo Schaffer* Nada melhor para tentar entender o momento que estamos vivendo do que ouvir uma música que retrata a situação. No caso das discussões sobre o Código Florestal, essa música poderia ser “o som do silêncio” (Sounds of silence), interpretada por Simon & Garfunkel, já no início dos anos 60, coincidentemente na década em que foi aprovado o atual texto do Código Florestal (Lei 4.771/1965). A música começa fazendo uma saudação: “olá escuridão, minha velha amiga” e fala de tempos em que as pessoas conversam sem falar e ouvem sem escutar. De tempos em que canções são escritas, mas não há vozes para compartilhá-las. Fala de como o som do silêncio pode crescer como um câncer e ninguém se importar ou ousar desafiá-lo, porque as pessoas seguem um padrão pré-estabelecido, que julgam confortável. Fala de tempos em que se tenta oferecer a ajuda, mostrar o caminho, mas as palavras caem como gotas silenciosas. Ou seja...fala dos tempos atuais! Dos tempos em que alguns “ruralistas” apostam na desinformação para criar confusão e discórdia e não querem resolver os problemas reais. A barreira do silêncio, da apatia e da desinformação precisa ser vencida. Seria bom se os ruralistas trabalhassem verdadeiramente para resolver as possíveis dificuldades burocráticas que implicam em custos e dificultam a aplicação efetiva do atual Código Florestal. Na verdade, são alguns “ruralistas intransigentes” que não querem resolver estes problemas ou entraves, pois deles se beneficiam e tiram vantagens em proveito próprio, mas tentam fazer parecer que a voz é da maioria. Não raro apresentam informações distorcidas ou mentirosas e até fazem ameaças e chantagens. Felizmente, a ala dos “ruralistas intransigentes”, é hoje minoria dentro de um pujante e moderno setor agropecuário no Brasil, que precisa reagir e romper o silêncio. Vejamos alguns exemplos de palavras que já foram ditas por muitos, mas que ainda não foram ouvidas. O Código Florestal (Lei 4.771, de 1965) atualizou e aprimorou o Código de 1934, portanto, é uma norma legal com 80 anos de existência, tempo suficiente para que todos pudessem se adequar à lei. A responsabilidade pela não adequação de parcela importante dos imóveis rurais e urbanos aos preceitos legais estabelecidos no Código Florestal, especialmente a proteção/recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a conservação/recuperação da Reserva Legal (RL) é dos proprietários e possuidores de imóveis. Só não regularizou seu imóvel aquele que apostou na impunidade e na ineficiência do estado. Cabe também parcela de responsabilidade ao próprio Estado (aqui falando dos três poderes) que não trabalharam ou não fiscalizaram e nem exigiram a implementação do Código. Conforme destacou Armando Monteiro Filho, Ministro da Agricultura, e responsável pela elaboração do Código Florestal de 1965, trata-se de “uma lei objetiva, fácil de ser entendida e mais fácil ainda de ser aplicada”. Lembramos aqui de uma discussão presenciada num seminário sobre as metragens das APPs a serem preservadas ao longo dos rios. Havia na mesa um juiz de direito, um engenheiro agrônomo e um biólogo. O engenheiro agrônomo defendia a tese de que essas metragens deveriam ser estabelecidas caso-a-caso, com a utilização de diferentes critérios agronômicos, biológicos, geotécnicos e botânicos. O biólogo discordava alegando dificuldades na determinação caso-a-caso. Num determinado momento levantou um agricultor, disse ser uma pessoa humilde e pediu a palavra: “desculpe doutor, mas eu prefiro as metragens”...como assim, estranhou o engenheiro, afinal eu estava defendendo o seu lado. “sabe doutor, 30 metros é o mesmo que 30 cabos de enxada e até eu sei medir. Se for no caso-a-caso, vou ter que contratar técnicos e pagar pra medir e aí eu não tenho dinheiro pra isso”. O juiz de direito aproveitou a deixa e declarou: “pois é, 30 metros até mesmo juiz sabe medir”. Assim, a discussão sobre a pertinência ou não dos parâmetros métricos acabou neste ponto. Moral da história, nada mais simples e fácil de entender e aplicar do que as metragens e percentuais estabelecidos para as APPs e para a RL, como muito bem frisou o Ministro da Agricultura que coordenou a elaboração do Código na década de 1960. Só não cumpre ou não aplica quem não quer. Os “ruralistas” também costumam repetir algumas inverdades à exaustão. Uma dessas mentiras é a de que o atual Código Florestal (Lei 4.771/1965) foi elaborado por ambientalistas e biólogos. O ante-projeto do atual código foi elaborado por um grupo de trabalho constituído e coordenado pelo Ministro da Agricultura Armando Monteiro Filho. O grupo era formado por engenheiros agrônomos e advogados e não teve entre seus integrantes representantes de setores ligados à conservação da biodiversidade ou de ambientalistas (até porque naquela época não existiam órgãos como o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ou comissões de meio ambiente no Congresso Nacional, nem Greenpeace ou outras ONGs ambientais. A FBCN primeira ONG ambientalista do Brasil estava apenas engatinhando). Foi uma lei elaborada para proteger a agricultura e a economia do país e garantir o bem-estar social de todos os brasileiros, do campo e das cidades. Uma pena que os “ruralistas” não conseguiram aprender nada com o passado. Vale a pena recordar as palavras do então Ministro da Agricultura: “Há um clamor nacional contra o descaso em que se encontra o problema florestal no Brasil, gerando calamidades cada vez mais graves e mais nocivas à economia do país. A agricultura itinerante continua se desenvolvendo segundo os métodos primitivos dos primeiros anos do descobrimento. Chega o agricultor, derruba e queima as matas, sem indagar se elas são necessárias à conservação da feracidade do solo ou do regime das águas. Urge, pois, a elaboração de uma lei objetiva, fácil de ser entendida e mais fácil ainda de ser aplicada, capaz de mobilizar a opinião pública nacional para encarar corretamente o tratamento da floresta. Tendo em conta este quadro, surgiu a compreensão da necessidade de atualizar-se e de dar, ao Código Florestal, as características de lei adequada exigida por panorama tão dramático. Assim como certas matas seguram pedras que ameaçam rolar, outras protegem fontes que poderiam secar, outras conservam o calado de um rio que poderia deixar de ser navegável etc. São restrições impostas pela própria natureza ao uso da terra, ditadas pelo bem-estar social”. Como se vê, naquela época, o som do silêncio foi rompido: as palavras foram ouvidas e a realidade foi enxergada com clareza, mas infelizmente essa situação não perdurou. Nos atuais dias de escuridão, um passarinho, desses que juntamente com seu amigo mico-leão-dourado acompanha o desenrolar das discussões do Código Florestal nos corredores do Congresso Nacional ouviu um intrigante diálogo. O diálogo aconteceu entre um experiente e respeitado técnico do setor agropecuário e um jornalista, durante a tumultuada sessão de discussão do Código que começou as 09h00 e terminou as 24h00 do dia 10 de maio de 2011, sem votação, em função de alterações espúrias, ou “pegadinhas” (como o episódio ficou conhecido), introduzidas no texto na escuridão dos corredores da Câmara, após o fechamento de um texto de consenso entre o relator e o governo. O técnico fez a seguinte pergunta em off ao jornalista: “Você já viu o monstro ser morto no primeiro minuto de um filme?” O jornalista obviamente respondeu que não, mas emendou: “O que você quer dizer com isso?” Ouviu a seguinte resposta: “Quero dizer que neste caso do Código Florestal o monstro é a disseminação do medo, a disseminação de que os agricultores estão todos na ilegalidade e serão multados e presos, que os pequenos produtores vão perder suas terras, que os ambientalistas querem internacionalizar a Amazônia, além de outras desinformações. Isso cria um clima de medo, que obviamente beneficia a alguns.” E quem dissemina esse medo perguntou o jornalista? “São alguns parlamentares “ruralistas”, e eles fazem isso não porque estão preocupados em resolver o problema da agricultura, não porque querem um Código Florestal aprimorado, moderno, facilmente aplicável, que realmente leve a agricultura brasileira à vanguarda da sustentabilidade ambiental com alta produtividade. Eles fazem isso porque se beneficiam disso eleitoralmente. Têm alguns que já estão há pelo menos 4 mandatos se elegendo e reelegendo com esse discurso de que vão resolver o problema do “pequeno agricultor” através da modificação ou revogação do Código Florestal.” O mesmo técnico emendou dizendo que a proposta do Aldo, tão radicalmente defendida por esses “ruralistas” como a solução de todos os males da agricultura brasileira, na verdade vai trazer mais problemas do que soluções práticas aos agricultores. Usou adjetivos como: essa proposta do Aldo é burocratizante, confusa, contraditória, dúbia, difícil de entender e aplicar e ainda vai sofrer emendas e possíveis vetos, o que vai transformar o Código daí resultante, se for aprovado, num verdadeiro Frankstein. É nisso que eles apostam, pois um código ruim e difícil de aplicar vai permitir que no dia seguinte à sansão presidencial eles possam voltar às suas “bases” e reiniciar o processo de disseminação do medo, pois o monstro não foi morto no primeiro filme, apenas foi espantado e fugiu para o interior da floresta...necessitando de um segundo, terceiro, talvez quarto filme para morrer...isso se até lá houver floresta onde ele possa se esconder. Ou seja, quanto mais o monstro viver melhor pra eles, não para a agricultura e os agricultores, arrematou o técnico. Por isso, os que falam, ouvem e enxergam de verdade sabem que os verdadeiros atores precisam ocupar a cena e dirigir o enredo a um final feliz.Tem muitos agricultores que sempre cumpriram a lei, tem terras altamente produtivas, geram empregos e riquezas para o país e tudo isso com respeito ao meio ambiente, com o cumprimento do Código Florestal, mantendo APPs preservadas e Reserva Legal preservada e averbada em cartório. Tem outro enorme contingente de agropecuaristas que já perceberam a importância da adequação ambiental para suas atividades e negócios e que estão em busca da regularização, incluindo aí a averbação da RL e a recomposição de áreas faltantes de RL ou APP. Infelizmente a proposta de Código apresentada pelo relator da matéria, pouco dialoga ou reconhece esses esforços. Até mesmo Blairo Maggi, em entrevista ao Congresso em Foco, criticou a estratégia adotada pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do código na Câmara: “Não concordo com o discurso nacionalista que coloca em lados opostos ONGs ambientalistas e produtores rurais. Acho errado dizer que se a Europa desmatou, então nós também podemos desmatar. Podemos ser tão importantes quanto os europeus, sem repetir o que eles fizeram”. Um dos pontos mais perversos do relatório do Aldo é a anistia às multas e à degradação pretérita para aqueles detentores de até 04 módulos fiscais. Isso cria duas classes de produtores: aqueles que cumpriram a lei e vão ter que continuar cumprindo e aqueles que descumpriram a lei e vão ter anistia das punições recebidas e nenhuma obrigação ambiental no futuro. São dois pesos para a mesma medida, contrariando a Constituição Federal que determina que todos sejam iguais perante a lei. Imaginem a discórdia entre vizinhos, onde um, em situação igual ao outro, vai ter que manter 20% ou 80% de Reserva Legal e o outro que desmatou tudo não vai precisar manter e nem recuperar nada. Marcio Santilli, no artigo “A aberração dos quatro módulos fiscais” disponível na integra em (www.socioambiental.org/nsa/direto/direto_html?codigo=2011-05-09-093002) demonstra com fartos exemplos a falta de lógica e de qualquer critério técnico para a utilização dessa figura jurídica, que além de tudo vai aprofundar o estabelecimento de duas classes de produtores rurais. Um exemplo citado por Santilli: “Uma propriedade rural com 100 hectares, que tenha desmatado a sua área de reserva legal, estará isenta de recuperá-la se estiver situada no município de Tietê, mas não estará isenta e estará obrigada a recuperar ou compensar 20 hectares se estiver situada no município de Piracicaba, ambos localizados numa mesma subregião do estado de São Paulo”. Alguns dos mais intransigentes e truculentos “ruralistas” são do estado de Santa Catarina. Eles alardeiam que o cumprimento do Código Florestal inviabilizará a atividade de aproximadamente 180 mil pequenos produtores rurais no estado, cujas plantações de uvas e maçãs estariam todas em APPs de topo de morro ou encostas de mais de 45º. Como isso pode ser verdade se apenas 4,6% do território catarinense se encontra em declividades entre 25 e 450 e que somente 0,19% está em áreas com mais de 450? Eles dizem também que o arroz desaparecerá se os agricultores tiverem que recuperar as APPs, entre outras inverdades. Vamos aos fatos reais. O recém divulgado Inventário Florestal de Santa Catarina, elaborado em parceria entre Universidades (UFSC, FURB), Governo do Estado e Serviço Florestal Brasileiro, constatou que o estado possui 36% de cobertura florestal nativa (em diversos estágios de sucessão), demonstrando claramente que naquele estado, onde a RL exigida pelo Código Florestal é de 20% e estima-se que as APPs representem aproximadamente 10 a 12% do território, existe cobertura florestal nativa suficiente para resolver o problema da Reserva Legal, dentro do próprio estado. Um projeto desenvolvido pela Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí (Amavi), em parceria com as 28 prefeituras da região, e apoio da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da The Nature Conservancy (TNC), da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), do Fundo Brasileiro da Biodiversidade (Funbio) e do Governo Alemão, está mapeando e promovendo a averbação em cartório das Reservas Legais de 45 mil pequenos produtores rurais da região. Foi desenvolvido um sistema informatizado onde o agricultor se apresenta no balcão das prefeituras com a escritura do imóvel e no mesmo dia pode sair com a sua RL averbada em cartório, sem qualquer custo ao produtor. Um dos motivos que levou os prefeitos a apoiar o projeto foi a constatação de que naquela região, colonizada há 100 anos, mais de 90% dos imóveis dos pequenos produtores ainda possuíam remanescentes florestais em percentual suficiente para averbar a RL e que mesmo nos outros 10% dos imóveis havia ainda alguns remanescentes. Ou seja, de cada 10 agricultores apenas um teria que recuperar alguma área. O projeto é uma amostra significativa que desmente o discurso ‘ruralista’ de que os pequenos agricultores de Santa Catarina vão ficar inviabilizados se tiverem que cumprir o Código Florestal. Um estudo de caso no município de Agronômica demonstrou que apenas 8% da lavoura de arroz irrigado está na faixa de APP de 30 metros, percentual que seria reduzido a 0,8% se fosse admitida a proposta já acordada pelo governo com o relator, de reduzir para 15 metros em cada lado do rio, exclusivamente para fins de recuperação, a APP dos rios de até 10 metros de largura. Enfim, no caso do Código Florestal, não queremos mais filmes de monstros, queremos no enredo e na tela, aqueles que tem dado exemplo ao país e que tem mostrado na prática que é possível cumprir a lei e que é possível manter um alta produtividade agropecuária junto com a preservação ambiental. Não podemos deixar que o “som do silêncio” prevaleça nesse momento, porque se isso acontecer, em breve o som das motosserras será ensurdecedor. * Miriam Prochnow, 46 anos, Pedagoda, Especialista em Ecologia, é Coordenadora de Políticas Públicas da Apremavi e Secretária Executiva do Diálogo Florestal. Wigold B. Schaffer, 51 anos, é formado em Administração de Empresas, foi pequeno produtor rural num imóvel de 25 ha em Santa Catarina, é consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fim da evasão escolar?

“O problema está em querer que o Colégio decida e não o aluno.” Osni Valfredo Wagner Ensino Médio o aluno poder escolher entre Cultura, Ciências, Tecnologias e Trabalho seria o ideal, o aluno montando seu próprio currículo. Mas o que se quer é que a Escola (Colégio) escolha entre as quatro áreas propostas para focar o Currículo. O Que vai acontecer é que cerca de 25% irão para Cultura? outro 25% para Ciências? Dividindo interesses de vestibular, práticas de educação física (ENEM e PROUNI). As tecnologias com 20%? e Trabalho disputarão 30%? com esses cursos também chamados de profissionalizantes. Esse sistema novo em si é interessante. O problema está em querer que o Colégio decida e não o aluno. Centralizando a decisão em mãos de poucos de forma corporativista, de interesse políticos e econômicos. Esse propósito de currículo flexível para o ensino médio, tem interesses econômicos em fazer com que o Ensino Médio prepare profissionais para o mercado de trabalho e diminuindo a possibilidade de avanço em cursos universitários. Um tiro no pé da educação, podendo trazer instabilidades por falta de adaptação do aluno em determinada área, e em ter que deslocar de uma escola para outra se torna inviável devido a deslocamento. Em vez de diminuir a evasão poderá aumentar a evasão. Por que esses sistemas novos não poderiam ser feito dentro dá própria escola (colégio)? E, além disso é precisa ser feito um estudo de demanda de interesses de alunos e do mercado de trabalho. Com o desemprego estrutural não vai ter solução para a empregabilidade que se deseja para a juventude do século XXI. O que a juventude precisa não está sendo colocada como prioridade, essa realidade que a juventude vive precisa ser levada em conta partindo das verdadeiras necessidades e não apenas o que o mercado dita hoje. Com risco de não se formar cidadãos com a devida competência e habilidades necessárias para conviver em uma sociedade de exclusão neoliberal. Mexer na educação dos alunos do ensino médio precisa de muito cuidado. Podemos estar achando que os pobres não precisam de formação e estaremos condicionando ainda mais para áreas que se paga menos e trabalhos pesados que necessitem de habilidades básicas tipo fast food que geram competências técnicas. Ser empregável e produtivista é essa a racionalidade do século XXI. A educação se adequando com a privatização da merenda, agora parece que as escolas receberão um golpe de amigos da escola em que se liberaliza à exploração do trabalho educacional com reformas trabalhistas e tributárias aliadas a privatização das escolas como avanço e novidade com escolhas fantasiosas e fechadas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Papas da elite, santos do povo

Em janeiro passado, o Vaticano anunciou que a beatificação de João Paulo II deve acontecer em 1¤ de maio. O atual chefe da Igreja Católica reconheceu-lhe um milagre. Que seja. Mas o papa polonês ficou famoso mesmo pelos serviços que prestou aos poderosos no mundo. Adequado antecessor de Bento 16, cujas posturas se aproximam perigosamente do fascismo. Enquanto isso, santos abençoados pela luta popular ficam esquecidos. É o caso de Dom Romero, assassinado em El Salvador, em 24 de março 1980. O bispo foi morto em plena celebração da missa. Sacrificado por denunciar a ditadura que dominava o país e defender os agricultores famintos. As posturas do salvadorenho eram mal vistas no Vaticano. A começar pelo atual candidato à beatificação. Outro a desagradar a cúpula católica é Dom Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Xingu, no Mato Grosso. Ele é o responsável pela maior diocese do mundo. Apesar disso, reza suas missas em uma catedral que mais parece uma igreja humilde. Há muitas décadas apóia a luta dos povos da região contra latifundiários. Por isso, sofre constantes ameaças de morte. O Vaticano só lhe tem desprezo. Sobre conversões santificadoras, Casaldáliga tem opiniões bastante claras. Elas estão relatadas em reportagem de Claudia Fanti para a mais recente edição da revista italiana “Adista-Documenti”. Segundo o bispo brasileiro, ninguém deve canonizar Romero porque "lhe fariam uma ofensa". Seria o mesmo que considerar que não serve “a primeira canonização", aquela realizada pelo povo. Que os papas fiquem com seus santos. Sempre prontos a dobrar os joelhos diante dos poderosos. http://pilulas-diarias.blogspot.com/