sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Etnografia da Velha Central: Estudo de Caso

Osni Valfredo Wagner Dr. Marilda C. G. da Silva Resumo A partir da História Oral com indivíduos selecionados na localidade da Velha Central Analisando o vale era local central de caça, depois foi por muito tempo espaço ocupado para atividade da produção agrícola, hoje a idéia de territorialidade é muito mais urbana do que territorialidade rural, podemos verificar vestígios no local que caracterizam a ruralidade e a agricultura. Palavras Chaves: SAÚDE - COTIDIANO – TERRITÓRIO Introdução O que comem hoje¿ O que comia e o que não se come mais¿ Quais hábitos culinários da mãe¿ O que comia na casa da mãe¿ Metodologia Pesquisa ação história oral no Bairro da Velha Central, a construção da identidade do final do século XIX, século XX e inicio do século XXI. Fundamentação teórica história do território A autora Ecléa Bosi apresenta duas memórias: “O passado conserva-se e, além de conservar-se, atua no presente, mas não de forma homogênea. De um lado, o corpo guarda esquemas de comportamentos de que se vale muitas vezes automaticamente na sua ação sobre as coisas: trata-se da memória-hábito, memória dos mecanismos motores. De outro lado, ocorrem lembranças independentes de quaisquer hábitos: lembranças isoladas, singulares, que constituiriam autênticas ressurreição do passado.” (Bosi, p. 48, 1994). Como se dá na prática a memória das pessoas o que Bosi apresenta como memória-hábito e o singular, essa analise contribui ao pesquisado em analisar o que os entrevistados respondem em uma pesquisa ação etnográfica a exemplo de Candido a seguir. A distribuição das glebas de terras entre famílias: O processo de colonização estrangeira a luta contra a natureza Com a fundação da colônia Blumenau instaura-se uma nova visão de natureza na região, forjada por meio do padrão ocupacional estabelecido pelo processo de colonização estrangeira (...) No vale do Itajaí (...) através da aquisição de pequenas glebas de terra e, (...) recrutados diretamente em diversos países da Europa (...) uma área que era ecologicamente diferente da região de origem (...) estabelecia lotes que variavam de 25 a 30 hectares como tamanho ideal para a fixação das famílias de imigrantes. (...) Os imigrantes tentaram adaptar as suas formas de manejo do solo às condições ambientais da região.a natureza, pois a floresta constitui um obstáculo de desenvolvimento da agricultura. (...) Como o passar do tempo, estas práticas de manejo dos solos mostram-se inadequadas, intensificando a busca de novos espaços e (...) uma pressão maior sobre os recursos naturais, que consideravam inesgotáveis. (...) O colono se comporta na natureza como um elemento que não faz parte da natureza (...) Mattedi, p. 30 e 33,2000). Em 1875, Ieski, era proprietário desde o então Terminal hoje até o Incano, era acordado na época que somente famílias oriundas do alemão poderiam comprar essas terras, aos poucos foram vendidas essas terras com objetivo de povoamento, permitindo a troca de produtos desenvolvendo essa localidade longe do então centro de Blumenau que caracterizava cidade. Uma picada no moro do macaco hoje, ‘alfberg’ (em alemão precisa ver a escrita certa com informantes) picada do macaco, a Velha Central que servia para caça, provavelmente essa picada a partir do Passo Manso pelo Rio Itajaí-Açú. As canoas eram o transporte que existia nessa época. Anos de 1950 e 1960, clima e desastres com furacões, geadas, seca e enxurradas: Segundo a entrevista com morador, o local foi alvejado por furacões em 1954, geadas e seca, a enxurrada de 1961, derruba potes do Ribeirão da Velha Central, Ribeirão Velha, atingindo o CCVC em um metro (1 mt), na Rua José Reuter lamina de água e cinqüenta centímetros (50 cm). A partir de 1963 até 1965 cerca de 31 famílias - 150 indivíduos receberam ajuda numa espécie de fome zero da época, cada família recebia em expécie de auxilio: 2 kg de trigo, 2 kg de fubá, 1 kg de leite, 1 kg de granulado, 750 g de manteiga e meio litro de azeite (lata); (para sete indivíduos). Aparece ainda no livre nas espécie de auxilio o queijo, batatinha, carne, chocolate, feijão, bulgur, roupas, sagu, açúcar, nesta ajuda alimentar do Núcleo Santa Cruz Velha Central Blumenau foi distribuído mês a mês de 09 de fevereiro de 1963 até 16 de outubro de 1965. A idéia de núcleo significa que existiam outros núcleos neste núcleo analisado aparece transferido para outro núcleo na cidade de Blumenau. Algumas páginas aparece além dos alimentos aparece a palavra recuperado. Economia Rural: Economia local baseada na agricultura de subsistência é forte em cerca de 15 famílias aparecem 28 sobrenomes, dos primeiros proprietários meados dos anos de 1960, na Velha central antiga propriedade de IESKI, Economia Extrativista: São quatro famílias que dominam o extrativismo madeireiro. A atividade do extrativismo da madeira tem força até os anos de 1970, já se pode ver programas do tipo ‘fome zero’ de 1962 até 1966; a maioria das famílias são da Velha Grande, local impróprio para a agricultura de subsistência, apenas o extrativismo serve como maneira de sobrevivência, as caçadas de tatu são conhecidas até hoje. Comparando a história oral com a pesquisa de Candido podemos ter uma visão mais clara da base alimentar na agricultura de subsistência no Vale do Itajaí, e em especial na Velha Central. O autor Antonio Candido analisa a subsistência em 1954, paulista A dieta do cardápio: “A carne de frango, que aparece três vezes na semana, (...); a carne de porco, que aparece duas vezes, (...) uma vez a carne de vaca e quati. A farinha, sempre de milho (...) troca uma alqueire de grão por outro de farinha, (...) o feijão e o arroz, (...) maçarão e manjuba (peixe), poucas vezes carne de vaca uma vez por mês; banha; café (100 1 ano); açúcar (3 sacos por ano); sal (1 saco por ano); pinga para uso da casa (1 garrafa de 15 em 15 dias).” (Candido, p. 132, 133, 1997). Na pagina 134 aparece à lingüiça, o tomate, a cebola, a batatinha, o ovo, carne tatuetê e pão frito. Na marmita como merenda no trabalho de concerto de estrada. Nomes da Famílias: por volta de 1879 por Iesky (iuguslavo) em ‘alemão’ Geske... Além da curiosidade que os sobrenomes em seus significados e origens é a distribuição no território na memória do local o entrevistado Orlando Theis descreve na seqüência o que era a Velha Central: Grahl, Vogelbacher, Hoemke, Bachamann, Franz Reuter, Reinold, Reuter, Germer Seefeld, Brehmer, Seefeld, Brehmer, Babel, Seibt, Zager, (Iscki) Geske. Müller, Bartel, Roepek, Vogel, Hzvdtung, Butzk, Roepek, Vogel, Hzvdtung, Butzk, ebien, Kstivn, Michemzun, Kort, Ciecielski, Ruediger. Estes sobrenomes são da memória do informante que foi aluno nos anos de 1954 na antiga Escola no local que é a igreja luterana, fundos da capela de 1932. ¹Orlando Treiss A lista 50 sobrenomes Babel, Bachmann, Bieging, Birr, Bornhoffen, Brandel, Brehmer, Bublitz, Butag, Butzke, Ergert, Gehrke, Germer, Geske, Grahl, Gielow, Hadlich, Hartung, Junger, Kauhn, Koch, Korte, Kluge, Loss, Michelmann, Müller, Orth, Persk, Petters, Preilipper, Reiter, Röpke, Rüdigir, Ruscler, Schneider, Schrader, Scröder, Seibt, Strese, Teske, Thomsen, Trapp, Trentin, Vetter, Weigmann, Weise, Wollinger e Zeger (Clube e Caça e Tiro Velha Central, 1 de maio de 1900). Outra lista além desses podemos observar os da Ação Social da Paróquia São Paulo Apostulo núcleo da Velha Central: Affonso Kratz e Erica Kratz e cinco filhos: Por volta de 1925 a cavalo por uma picada vinha-ce do centro da ‘cidade’ a cavalo João Durval Müller, conforme registro de Wally Geski, para lecionar.Na igreja luterana da Velha Central, na Rua José Reuter podemos ver a data de 1932, pelo história oral testemunho vivo Entrevistado¹ Schützenvrein Velha Tiefe, funcionava na Rua Bernardo Reiter num terreno pertencente a família Bachmann que pegou fogo e passou-se para um terreno da família Wehmuth em 1939 muda o nome para Atiradores Velha Fundos, em 1946 foi fechado, depois voltou como Sociedade esportiva Velha Central e depois Clube Caça e Tiro Velha Central². Dieta Alimentar da Velha Central 1- O que comem hoje¿ 2- O que comia e o que não se come mais¿ 3- Quais hábitos culinários da mãe¿ 4- O que comia na casa da mãe¿ A letra (E) será para Entrevista. O então Bairro da Velha Central, foi desbravado. A primeira (E)³ O que come hoje¿ O feijão, batata, o arroz, verduras e carne, verduras: O tomate, cenoura, brócolis e repolho, só não vai o nabo e pepino ataca estomago, carnes: de gado, suíno e frango pouco peixe. (E)4 O que come hoje¿ Carne la em casa só eu que compro: frango, suíno e de gado e o peixe, eu gosto de pescar, estava agora mesmo falando de pescaria. Um dia é frango, o outro dia é porco e o outro dia é gado ou peixe, Na minha casa nunca compro só um tipo de carne nunca fiz disso. Verduras têm que ter todo dia até cebola crua, meu filho come também deve ser por que como. Tudo de verdura que tem no feirão inclusive taiá frito com beicon feito salada até azedo, cozinha e esfria com cebola escalda e depois limão. Tipo de peixe que pesca¿ a tilapia é o que mais gosto! Hoje acha¿ a tilapia de lagoa, se for comprar no mercado a pescada, pescada refere-se ao peixe do mar. Eu como farinha, O que come do passado¿ meu pai come farinha todos os dias acho que ele não tem problemas de diabetes, colesterol. Dizem que a farinha é bom pra saúde gosto do peixe com farinha de mandioca. O Presidente4 da Associação de Moradores da Rua dos Caçadores revelou alguns sobrenomes de moradores mais antigos: Empke na José Reuter, Inita Morch, Trapp na Divinópolis, os Volgelbch tem alguns dos irmãos já faleceram, é da Transversal da José Reuter. O senhor Hadlich das baterias tem a roda d’água, os Brehmer em frente o Amigão na José Reuter, na Velha Central. A próxima entrevista pretendo fazer na residência do senhor Hadlich das baterias como é conhecido, é interessante que essa família tem algumas vacas e a roda d’água, que atualmente é utilizada para carregar baterias. Analise dos dados Os carboidratos são a biomoléculas mais abundantes na natureza, apresentam como formula geral [C(H2 O)n3 com ampla variedade de funções, entre elas: Fonte de energia Reserva de energia, estrutural e matéria-prima para a biossintese de outras biomoléculas. Pensar essa questão da química que colocamos em nosso organismo a partir dos alimentos, neste caso a analise perpassa pelos carboidratos, temos uma cultura de alimentação a base de carboidratos, requer uma habito cultural, a cultura de comer carboidratos. Essa cultura é uma cultura intergeracional de avos, pais e filhos. Perguntar por que se come determinado alimento na dieta alimentar¿ como o caso dos carboidratos como base da dieta alimentar faz com que se entenda a cultura que se tem como base alimentar, ao mesmo tempo é possível compreender as relações sociais que se tem em torno dessa cultura social como base alimentar de uma comunidade, que se relaciona na aquisição desse alimento e outras comunidades. A relação entre gerações de uma mesma família da comunidade faz compreender a importância que se dá a determinado alimento tanto na questão psicológica bem como a relação com a natureza a partir dos recursos naturais existentes no local. Essa relação entre avos, filhos e netos em se alimentar por dietas alimentares em comunidades tradicionais ou a partir de alimentos oriundos de comunidades tradicionais historicamente. Essa analise de cultura de dieta alimentar e relação sociais em torno da dieta alimentar diretamente nos indivíduos e relações com outros indivíduos e comunidades ³Mario Cesar 75 anos, mora 60 é católico anos em Blumenau veio de Florianópolis, 4Salezio Rheinzen 50 anos mora em Blumenau desde os 18 anos, nasceu em Tubarão foi para o Paraná com dois anos trabalha autônomo. 5Senhor Toninho Dieta alimentar tradicional intrergeracional O que se come hoje e o que se comia nas gerações anteriores? A cultura de se alimentar a base de tubérculos ainda é freqüente em alguns jovens a exemplo do taiá. Bem como a presença de hortaliças na dieta alimentar, a contribuição efetiva do hábitos dos avós, pais fazem com que os filhos se acostume a se alimentarem também da mandioca. As variações da carne de gado, de porco e frango, o peixe, passam muito mais pelo poder de compra. A salsicha, o ovo é escolhido também pela facilidade de preparo. O leite, o café, a margarina, queijo, mortadela e presuntos são para acompanhar no pão, tem a praticidade, mas é muitas vezes raro no dia-a-dia. O que se come no trabalho, o que se come em casa e o que se come finais de semana, são distintos. Como os alimentos agem em nosso organismo? A base da mandioca não apresenta problemas com colesterol, por outro lado a base de cabriodrato exemplo: a batata inglesa (engorda?); a base de feijão e arroz? Qual é o resultado dessa dieta para a saúde? A carne suína, a carne bovina, a carne de frango? Como agem no organismo humano como alimento de base. O alimento base que as famílias costumam ingerir, o alimento base é o alimento que se apresenta diariamente como principal, está presente na maioria das refeições em determinado grupo social, comunidade e ou sociedade. A partir das informações sobre a dieta alimentar se poderá verificar se esse cardápio é saudável, ou não sendo saudáveis se poderão verificar preventivamente as patologias do tipo: colesterol, diabetes, pressão alta, entre outros causados pelos alimentos que comemos diariamente. Outra analise pela química é a ação das proteínas (carne) em nosso organismo, estrutura de nossos ossos e músculos. As fibras dos carboidratos é outro alimento que estrutura o caso do feijão e a base de amido (milho, batatinha inglesa a ‘branca’). Podemos viver com carboidratos¿ ou é necessário viver com proteínas¿ Leguminosas, as verduras qual seu papel¿ as frutas em que contribui¿ Bibliografia BOSI, Ecléa MEMÓRIA E SOCIEDADE LEMBRANÇAS DE VELHO, 3ª ED. – São Paulo : Companhia das Letras, 1994. CANDIDO, Antonio OS PARCEIROS DO RIO BONITO: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida 8ª Ed. – São Paulo Ed. 34, 1997. Mattedi, p. 30, 2000. Silvio Coelho

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