quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Escola Funcionalismo – Bronilaw Malinowski

Funcionalismo

O germano-americano Franz Boas, considerado um dos pais da antropologia americana do século XX, era um cientista de formação naturalista; por isso, encarou com grande ceticismo tanto as teorias difusionistas como as evolucionistas. Boas preferiu a concepção funcionalista de uma cultura; para ele, uma cultura é um conjunto unitário que deve ser estudado em sua totalidade, e, composto, como uma máquina, de diferentes peças interdependentes. Em seus trabalhos sobre os esquimós, deixou bem fundamentada a metodologia do trabalho de campo, atividade a que seus discípulos iriam dar especial relevância. O enfoque de Boas, embora funcionalista, não deixa de estar matizado pelo historicismo, já que ele sempre se interessou pela forma como se haviam desenvolvido no tempo as instituições culturais.

Depois da primeira guerra mundial, as abordagens históricas das sociedades foram perdendo adeptos e a escola funcionalista começou a ganhar relevância. Bronislaw Malinowski, seu mais eminente representante, sustentou que o objetivo da pesquisa antropológica deve ser a compreensão da totalidade de uma cultura, inseparável da percepção da conexão orgânica de todas as suas partes. A comparação entre culturas e a abordagem histórica não têm sentido para Malinowski; só faz parte de uma cultura aquilo que, no momento em que se estuda, tem nela uma função. A única maneira de perceber um elemento de uma cultura é analisar a função que tem esse elemento dentro dela. Não se pode compreender uma instituição social sem conhecer suas relações com as outras instituições da mesma sociedade. As atividades econômicas, o sistema de valores e a organização de uma sociedade constituem um complexo inter-relacionado cuja descrição é necessária para que se possa estudar adequadamente essa sociedade.

Dentro da tendência funcionalista, a escola sociológica francesa, encabeçada por Émile Durkheim, teve notável influência sobre o pensamento antropológico. Em Règles de la méthode sociologique (1895; Regras do método sociológico), Durkheim deixou bem estabelecido que, no campo social, existe um aspecto da realidade que vai além dos simples comportamentos individuais. É preciso, portanto, estudar os fatos sociais como se fossem coisas em si, independentes da consciência dos indivíduos que formam a sociedade.

O intelectualismo analítico e a concepção da sociedade como um todo orgânico, como um sistema - características da escola sociológica francesa --, ao lado da tradição empirista, que busca fatos -- marca das escolas anglo-saxônicas e, em parte, da germânica - são talvez as duas bases fundamentais em que se assenta a moderna antropologia social.

Síntese do Funcionalismo

O Sistema Social:

1. As peças que o compõem são mutuamente dependentes 2. Elas contribuem para o bom funcionar do sistema 3. eequilíbrio, ainda que sempre em movimento; o distúrbio induz a uma contra-reação para manter o equilíbrio manter o equilíbrio Propriedades do sistema a que as peças contribuem: 1. Adaptação (economia) 2. Integração (cortes de justiça; polícias; lei) 3. Manutenção do teste padrão e gerência da tensão (família; instrução; a cultura contribui ao para o compromisso do papel da socialização) 4. Realização de objetivo (política)

A estratificação social é definida como: "classificação diferenciada dos indivíduos humanos que compõem um sistema social dado e seu tratamento como superior ou inferior relativo a um outro em determinadas situações sociais importantes" (Parsons, Aproximação Analítica ao Estrato Social, p. 69) Linha central fundamental da estratificação: atribuições versus realização: 1. O status atribuído: resultados do nascimento ou das qualidades biológicas hereditárias (por exemplo idade, sexo) 2. O status alcançado: resultado das ações pessoais (esforço, trabalho duro, talento) Avaliação Moral Expectativa feita na base da avaliação moral, tendo por resultado graus de respeito ou de desaprovação (status) Seis bases da avaliação moral diferencial: 1. Sociedade na unidade do parentesco (pelo nascimento, pela união) 2. Qualidades pessoais (sexo, idade, beleza pessoal, valor e força da inteligência) 3. Realizações (resultado de ações do indivíduo) 4. Possessões (coisas materiais e não-materiais que pertencem a um individual e pode ser transferida) 5. Autoridade (reconhecimento institucional, direito legítimo para poder influenciar as ações de outras) 6. Poder (habilidade de influenciar outros e fixar possessões que não sancionadas institucionalmente) Grupos de parentesco como unidades de estratificação "o status da classe de um indivíduo é a sua classificação no sistema do estratificação. O que pode lhe ser atribuído em virtude daqueles de seus laços de parentesco que o ligam a uma unidade na estrutura da classe" (77-8) Dois aspectos dominantes da estratificação americana: 1. Ocupação: critérios universais; status conseguido; não determinado pelo nascimento; igualdade de oportunidade 2. Parentesco: status atribuído a alguém determinado pelo nascimento Contradição entre a ocupação e o parentesco: Parsons: "No sistema americano de estratificação, não permitia-se às mulheres competirem nos mesmos fundamentos de igualdade para trabalhar como o que rege o dos homens; se não, isto ameaçaria a estabilidade da família, e da própria sociedade" (esta observação de Talcott Parsons entende-se como feita antes do movimento feminista dos anos 60 iniciar a sua luta pela aprovação da Emenda da Igualdade).

Fonte:

http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/funcionalismo.php http://www.acacio.kit.net/sociologia04.htm

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